Prelados Administradores e Bispos, por Moreira de Azevedo

O breve de 19 de julho de 1576 de Gregório XIII desanexou o território do Rio de Janeiro do bispado da Bahia, instituindo um prelado administrador com poderes e faculdades quase episcopais; e a carta régia de 11 de maio de 1577 nomeou o presbítero do hábito de São Pedro, Bartolomeu Simões Pereira, para o cargo de prelado administrador. Ignora-se o dia em que começou a governar, mas sabe-se que perseguido pelo povo, que se irritara contra a demasiada autoridade que o prelado arrogara a si, retirou-se este em 1591 para a capitania do Espírito-Santo, onde assistiu e orou nas exéquias do Padre Anchieta.
Sucedeu-lhe no cargo o presbítero secular, bacharel João da Costa, que, odiado e perseguido pelo povo, retirou-se para São Paulo, onde foi deposto e faleceu.
Havia sido eleito prelado o Dr. Bartolomeu Lagarto; mas desistindo do lugar foi nomeado o Dr. Matheus da Costa Aborim, que tomou posse em 2 de outubro de 1607, obtendo a graça de nomear os padres para os lugares vagos de sua administração. Vexou o povo com monitorias e excomunhões; excomungou os vereadores por quererem demolir uma casa dos frades beneditinos, a qual embaraçava o embarque e desembarque dos moradores da Prainha; tratou de restringir a autoridade de um desembargador que, por ordem do governador geral do Brasil, viera da Bahia sindicar nesta cidade; negou a confirmação ao vigário Manoel da Nóbrega, provido pelo rei na Igreja Matriz de São Sebastião, o que estranhou-lhe o soberano em carta de 27 de maio de 1627; e por estes e outros fatos adquiriu inimigos, vindo a morrer envenenado em 8 de fevereiro de 1629.
Para acabar com o governo interino nomeou o bispo da Bahia ao monge beneditino, Máximo Pereira, prelado do Rio de Janeiro em 3 de julho de 1629. Este frade, que viera de Portugal como visitador de seu convento, foi eleito abade; mas em 1630 renunciou este cargo, e também a prelazia, retirando-se para Portugal.
Reunido o clero na Igreja Matriz de São Sebastião elegeu para prelado ao provisor e vigário geral Pedro Homem Albernaz, que governou até 1632, em que foi nomeado por Felipe IV o Dr. Lourenço de Mendonça.
Haviam os primeiros administradores eclesiásticos abusado tanto de sua autoridade, que descontente o povo procurou logo ver-se livre do novo prelado, chegado de Lisboa em 1633; de feito, poucos dias depois do seu desembarque, introduziu um barril de pólvora com quatro murrões junto de seu leito; e se Lourenço escapou, ardeu a casa em que residia. Não cessaram de persegui-lo os moradores da cidade, acusaram-no perante o bispo da Bahia e o tribunal da Santa Fé; e tentaram levá-lo preso em um navio desaparelhado até fora da barra, e abandoná-lo ao furor das ondas; mas informado dessa traição, refugiou-se Lourenço em um barco que conduziu-o para Portugal em 1637.
Patenteiam esses planos nefandos e cruéis a rudeza de costumes, a perversão e ignorância do povo.
Em Portugal foi Mendonça absolvido dos crimes que haviam-lhe imputado; obteve a nomeação de prior do Convento de Avis, e desejando o rei criar o bispado do Rio de Janeiro, foi escolhido para esse cargo, mas receoso de voltar ao Brasil, não aceitou-o. Em 1640 abandonou a causa de sua pátria, e abraçou o partido de Espanha onde alcançou ser nomeado bispo do Annel, no arcebispado de Toledo.
Antes de ausentar-se do Rio de Janeiro, nomeara Lourenço de Mendonça, para substituí-lo na prelazia, a Pedro Homem Albernaz, que segunda vez exerceu tal emprego, no qual foi confirmado em 2 de setembro de 1639; mas resoluto a vestir o hábito de jesuíta, abdicou a autoridade prelatícia ao padre José Coelho.
Em 8 de outubro de 1643 foi eleito prelado o presbítero secular Antônio de Marins Loureiro, que tomou posse em 8 de junho de 1644. Para conhecer o território de sua jurisdição começou a visitar os lugares distantes da capital, e chegou a São Paulo, onde ou pela perversão do povo, ou pela arrogância do prelado, foi este perseguido; refugiou-se no convento dos franciscanos, mas o povo cercou o claustro; do qual, conseguindo evadir-se, veio Marins Loureiro para o Rio de Janeiro, e sempre odiado foi para a capitania do Espírito Santo, onde administraram-lhe veneno, e por isso perdeu o juízo, retirando-se nesse estado para Portugal.
Seria o veneno que alterara a razão desse homem; ficaria assim pelas perseguições que sofrera, ou já não era seu juízo consertado e reto de si?
Após os governos interinos dos padres Manoel de Araújo e José de Castro, escolheu o rei para prelado do Rio de Janeiro, em 12 de dezembro de 1658, o Dr. Manoel de Souza e Almada que depois de curto governo começou a ser guerreado pelo povo, que acusou-o perante o rei. Residia o prelado entre a Igreja de São José e a cadeia, e na frente de sua casa apareceu, na noite de 5 de março de 1688, uma peça de artilharia carregada com bala, a qual disparou, empregando-se a bala na parede da casa. Procedeu-se a devassa, e provou-se que tudo proviera do próprio Almada para patentear a guerra que faziam-lhe; pelo que foi condenado a pagar as custas da alçada e do processo; e tendo desistido de seu cargo, ou chamado à corte, retirou-se para Portugal.
Deixara na prelazia o Dr. Francisco da Silveira Dias, natural do Rio de Janeiro, vigário geral, e pároco da Igreja Matriz de São Sebastião. Confirmado por carta régia de 7 de março de 1671, começou este prelado a ser perseguido pelo povo em consequência de haver publicado tremenda excomunhão contra os que cortavam mangue nas marinhas fronteiras às terras dos jesuítas: acusaram-no de simoníaco pelo benefício paroquial; visitou as igrejas de sua jurisdição, e abdicando o posto, deixou no governo da prelazia o vigário da Candelária, Sebastião Barreto de Brito. Criada a Sé foi Silveira Dias nomeado deão em 1685, de cujo cargo empossou-se em 1687; e faleceu em 1690, pedindo para ser sepultado na capela-mor da Igreja de São Bento, onde jaziam seus pais; legou à Sé dois escravos, e seus livros aos conventos de Santo Antônio da corte e de São Boaventura de Macacu.
Eram os prelados comissários do santo-ofício e da bula da cruzada. Além de atormentarem o povo com penitências e excomunhões, entremetiam-se em negócios estranhos à sua jurisdição; mandavam visitar os navios que buscavam o porto, e indagar donde vinham, para onde iam, e qual sua nação; impediam que saísse da alfândega qualquer gênero sem licença sua; tomavam parte, como os jesuítas, na liberdade dos índios ou levantavam bandeiras contra eles, e em outras questões alheias à sua missão. Acresce que tinham pouca instrução e moralidade.
Não primava também o povo em moderação e bons costumes, era desmoralizado e anárquico; e assim devera acontecer, porque o governo português mandava degradados para povoarem o Brasil; de sorte que era em geral o colono homem vicioso, corrupto e criminoso. Colonização semelhante faziam os donatários, e havia em cada capitania o direito de couto e homizio. Vê-se que de tais elementos não podia nascer boa sociedade; e por isso difícil seria regê-la.
A bula de 16 de novembro de 1676 elevou a arcebispado o bispado da Bahia, e criou os bispados do Rio de Janeiro e Pernambuco.
Devia estender-se o bispado do Rio de Janeiro da capitania do Espírito Santo ao Rio da Prata, correndo a costa do mar, e nesta extensão toda a terra central, até entestar com as do domínio espanhol; mas, apesar dessa demarcação, julgou-se também território desse bispado a capitania de Porto Seguro, por chegar até lá a jurisdição do governo do Rio de Janeiro.
Nomeado bispo do Rio de Janeiro Frei Manoel Pereira, provincial da ordem dos pregadores e inquisidor da mesa grande, foi sua eleição confirmada pelo papa em 16 de novembro de 1676; mas em 1680 renunciou o bispado, e conservando-se em Lisboa, foi nomeado secretário de estado e deputado da junta dos três estados.
Eleito bispo Dom José de Barros Alarcão, lente opositor em Coimbra, e promotor do tribunal da fé na inquisição de Leiria, foi confirmado em 19 de agosto de 1680, tendo por côngrua 800$000.
Chegado ao Rio de Janeiro em 1 de junho de 1682, fez sua entrada pública no dia 13, havendo oito dias de festejos; visitou algumas paróquias; foi a Santos e São Paulo, onde criou um recolhimento de mulheres sob o título e regra de Santa Thereza; conferiu ordens sacras a diversos indivíduos, sagrou o sino do convento de Santo Antônio; criou a Sé em 19 de janeiro de 1685, estabelecendo regras para o regímen do coro; em 4 de novembro de 1687 obteve uma ajuda de custo para as visitas ordinárias da diocese, tendo já obtido em 1684 120$000 para residência, que era no Morro do Castelo próximo da catedral. Chamado à corte em 1689 deixou o governo da diocese ao vigário da Candelária, Thomé de Freitas da Fonseca; e recusando o governador e ouvidor entregar a quantia destinada à aposentadoria, por estar o bispo ausente, mandou a ordem de 12 de janeiro de 1692 pagar a referida soma, e também a côngrua durante a ausência.
Em 28 de março de 1700 voltou Dom José de Barros Alarcão para o seu bispado, onde faleceu em 6 de abril do mesmo ano com pouco mais de 66 anos de idade, tendo sepultura no presbitério da Igreja de São Bento; mas dois anos depois foram seus restos mortais trasladados para Portugal.
Vindo para o Rio de Janeiro o primeiro bispo, cessou a guerra entre o poder civil e o eclesiástico; recebeu o clero melhor direção, tendo por chefe um homem prudente e douto, que plantou a disciplina na igreja; os padres foram-se moralizando, e com eles o povo; exerceu o bispo influência e prestígio sobre as autoridades civis; atendeu a corte às reclamações do diocesano, que esforçou-se por administrar justiça, e aplicar remédios prontos às necessidades públicas.
Já não era necessário recorrer o povo ao bispo da Bahia para decisão dos negócios públicos; o clero começou a constituir um corpo, e conservando-se no círculo de sua jurisdição, tornou-se a autoridade episcopal respeitada, e incutiu fé e religião ao povo, que educou-se e moralizou-se.
Em 10 de dezembro de 1700 foi nomeado bispo do Rio de Janeiro Frei Francisco de São Jerônimo, natural de Lisboa, filho de Francisco de Andrade e Mello e Dona Isabel da Silva; era da congregação dos cônegos de São João Evangelista, doutor pela Universidade de Coimbra, homem douto, autor de obras filosóficas e teológicas, eloquente no púlpito, reitor do seu colégio, e recusara o bispado de Macau. Confirmado em 6 de agosto de 1701, sagrado em 27 de dezembro, chegou ao Rio de Janeiro em 8 de junho de 1702, e 3 dias depois tomou posse. Mandou demarcar os limites do bispado por terra dentro, cuja extensão ambicionavam alguns eclesiásticos do arcebispado da Bahia, e escolheu para essa comissão homens hábeis, como o cônego Gaspar Bibeiro Pereira. Em 1704 visitou as freguesias do interior; criou 40 freguesias em Minas Gerais; obrigou o clero ao estudo da moral, e só concedia ordens sacras ao candidato que exibia atestado de frequência de dois anos na aula de moral dos padres da Companhia de Jesus. Ergueu no Morro da Conceição o Palácio Episcopal; exerceu em 1704, 1708 e 1709 o governo da capitania por ausência dos governadores; esforçou-se por transferir a Sé para a Igreja da Cruz, mas não conseguiu; fundou o convento das freiras da Ajuda; lançou a primeira pedra das igrejas do Bom Jesus e Santa Rita; declarou, em 19 de novembro de 1710, dia santo e de guarda para os habitantes do Rio de Janeiro o dia de São Januário, notável naquele ano pela vitória ganha sobre os Franceses, que comandados por Duclerc atacaram a cidade; mas suprimidos em 1853 alguns dias santos, foi também eliminado o de São Januário. Jamais quis abandonar sua igreja, e o rei em 27 de janeiro de 1717 agradeceu-lhe o interesse, em que tomava seu cargo; do púlpito doutrinava o povo; mas como comissário do santo ofício contribuiu para que fossem enviados a Portugal muitos infelizes condenados por terem sangue de judeu, ou por qualquer delito inventado pelo fanatismo dos inquisidores! Faleceu com 83 anos de idade em 7 de março de 1721, e sepultado na capela do seu palácio, gravou-se no túmulo o epitáfio:
Sucedeu-lhe na diocese fluminense Dom Frei Antônio de Guadalupe, que nascera na Vila de Amarante em 27 de setembro de 1672, tendo por progenitores Jerônimo de Sá da Cunha e Dona Maria Cerqueira. Graduado bacharel em Coimbra aceitara o cargo de juiz de fora de Trancoso; mas arrepiando carreira, encerrou-se no convento dos franciscanos, onde professou em 23 de março de 1701, e aí recebeu o báculo de bispo em 25 de janeiro de 1722; confirmado em 21 de fevereiro de 1725, chegou ao Rio de Janeiro em 2 de agosto, e no dia 4 fez sua entrada pública. Acompanhado dos frades Frei Antônio Perusia e Frei Jerônimo visitou em 1726 as igrejas de sua diocese; repetiu a visita em 1733 e 1735, abriu em 1728 conferências de moral com assistência dos eclesiásticos, mudou a catedral para a Igreja da Cruz; proibiu que os religiosos confessassem sem ter a aprovação ordinária; sujeitaram-se os beneditinos e carmelitas a essa determinação; os franciscanos, porém, reagiram, e rasgaram a pastoral pregada nas Igrejas da Cruz e Candelária; mas suspendeu-os de ordens o bispo, e desse modo chamou-os ao dever. Nomeado em 8 de março de 1738 visitador do Convento de Santo Antônio plantou a disciplina e ordem no claustro; fundou a Igreja de São Pedro; os seminários de São Pedro e de São José, e edificou a prisão para os padres.
Vivia com simplicidade, revestido sempre do seu hábito, e se era talvez um pouco rigoroso com os culpados, era muito caritativo com os pobres.
Nomeado bispo de Vizeu em 12 de fevereiro de 1739, deixou o Rio de Janeiro em 25 de maio de 1740; em 26 de agosto chegou a Lisboa, e cinco dias depois faleceu com 68 anos, tendo sepultura em seu convento.
Veio ocupar a mitra fluminense em 11 de fevereiro de 1739, Dom Frei João da Cruz, nascido em Lisboa, em 28 de dezembro de 1694, de Dom Antônio Salgado e Dona Ângela Pastor de Castilho; vestira o hábito de carmelita descalço em 22 de junho de 1713, professara em 24 de junho do ano seguinte, e ocupara em sua ordem o cargo de mestre. Sagrado bispo em 5 de fevereiro de 1741, chegou ao Rio de Janeiro em 3 de maio, tomou posse por seu procurador o deão Gaspar Gonçalves de Araújo, e no dia 9 fez a entrada pública. Visitou as igrejas da cidade, e em 1743 dirigiu-se a Minas, onde patenteou tanto rigor, e exorbitou tanto que o povo arrancou os badalos dos sinos para não repicarem à sua passagem! Em 1745 renunciou o bispado, e, informado dessa decisão, o governador Gomes Freire suplicou a El-Rei que aceitasse a renúncia, pois era excessivo o descontentamento do povo mineiro contra o procedimento indiscreto do prelado. Em 14 de outubro de 1745 deixou o Rio de Janeiro, chegando a Lisboa em 22 de janeiro de 1746, e contra ele sustentou longa demanda o cabido por haver o bispo se assenhoreado de um frontal de prata e de um crucifixo de ouro, e de outros objetos preciosos, assim como de 30,000 cruzados deixados por seu antecessor.
Eleito bispo de Miranda em 1750 cometeu Dom Frei João da Cruz desvarios, e perseguidas por ele deixaram as religiosas o claustro, e de cruz alçada foram queixar-se ao governador. Pereceu em 20 de outubro de 1756, e sepultado na igreja da Sé do seu bispado, causou seu passamento alegria e contentamento, pois tinha sido Frei João da Cruz mau pastor.
Em 1745 teve a mitra do Rio de Janeiro o bispo de Angola Dom Frei Antônio do Desterro nascido em Vianna de Lima em 13 de junho de 1694, tendo por pais Ventura Malheiros Reimão e Dona Páscoa Pereira. Vestindo o hábito de beneditino professara em 1711, doutorara-se em Coimbra, e fora mestre e orador notável em sua ordem. Em viagem para o bispado de Angola aportara ao Rio de Janeiro em 1740, e se hospedara no Mosteiro de São Bento, onde pontificara no dia do trânsito do patriarca.
Era esperado no Rio de Janeiro em 1746, quando divulgou-se a notícia de que arribara às ilhas de Maricá o navio, que conduzia-o; imediatamente o governador Gomes Freire enviou em um iate o sargento-mor José Fernandes Pinto Alpoim para conduzir a seu bordo o prelado, mas alguns dias depois regressou o navio sem trazer notícia de Dom Antônio do Desterro. Houve inquietação e susto sobre a sorte do novo bispo até que em 1 de dezembro de 1746, a fortaleza de Santa Cruz anunciou sua entrada. Apressaram-se em cumprimentá-lo a bordo o governador e o clero, e Dom Frei Antônio foi hospedar-se no Mosteiro de São Bento. Em posse do bispado em 11 de dezembro por seu procurador o cônego Henrique Moreira de Carvalho, em 1 de janeiro de 1747 realizou sua entrada solene acompanhado do governador, senado, nobreza e povo, achando-se as ruas ornadas com sete arcos de notável arquitetura.
Publicaram-se nesse ano, na primeira tipografia estabelecida nesta cidade, pertencente a Antônio Isidoro da Fonseca, uma memória composta pelo juiz de fora Antônio Rosado da Cunha, relatando a entrada do bispo, um opúsculo intitulado “romance heroico em aplauso do Exmo. Rvm. Sr. Dom Frei Antônio do Desterro Malheiros, digníssimo bispo desta diocese”, e uma coleção de onze epigramas em latim e um soneto em português sobre o mesmo assunto.
Ordenou o bispo aos párocos que procedessem com cuidado em fazer os assentamentos de batismos, casamentos e óbitos, e recolhessem à câmara eclesiástica os documentos autênticos a tais respeitos; proibiu os enterramentos nas igrejas filiais sem licença dos párocos respectivos; ordenou, pela pastoral de 6 de março de 1755, que os professores de medicina e cirurgia obrigassem os doentes a receberem os sacramentos no princípio da moléstia, e desenganando-os oportunamente lhes facilitassem ocasião para tratarem da salvação da alma, e deliberação do testamento; em 14 de março de 1767 proibiu as conversas e ajuntamentos nas portas e adros das igrejas, especialmente em dias festivos e de concurso; e que as mulheres fossem à igreja desde a ave-maria até ao amanhecer, exceto as pobres, que quisessem ouvir missa ou confessar-se.
Os antigos reis de Portugal também legislaram sobre tais assuntos; ordenou Dom João IV, em 1 de abril de 1648, ao desembargo do paço, para providenciar contra os que falavam com mulheres nas igrejas e portas das mesmas. Decretou Afonso VI em 15 de janeiro de 1657 contra os homens, que falavam com as mulheres nos adros, nas portas ou no recinto dos templos, e em 16 de janeiro de 1658 proibiu que os homens esperassem as mulheres naqueles lugares para as verem, ainda que não lhes falassem.
Mudados vão os tempos; hoje não só no adro, mas no interior dos templos, conversa-se, discute-se e namora-se; às portas das igrejas trocam-se frases indecentes, e entregam-se cartas amorosas; junto dos altares mulheres e homens ocupam-se em passatempos frívolos, e em galanteios ridículos.
Em 1754 visitou algumas freguesias do interior, em 1756 e 1757 ocupou o púlpito do Mosteiro de São Bento durante a quaresma, procurando chamar o povo à penitencia e à oração; na quaresma de 1759 orou no Convento da Ajuda; exerceu o cargo de visitador e reformador apostólico da Companhia de Jesus; depois do terremoto em Lisboa em 1755, instituiu lausperene no tempo quaresmal nas igrejas da cidade, e à sua custa fornecia cera às igrejas, que não tinham rendimento suficiente; em 20 de fevereiro de 1773 proibiu os penitentes de açoites nas procissões de quaresma, os quais com seus vestuários, superstições e gatimanhos ridicularizavam os atos sagrados. No Mosteiro de São Bento edificou à sua custa a Capela da Conceição; concluiu o Convento da Ajuda; lançou a primeira pedra do edifício destinado para igreja catedral, instituiu a ordem de São Francisco de Paula, e lançou a pedra fundamental dessa igreja.
Em consequência de um sedenho que trazia no ventre, deixara desde 1759 de ir à catedral, e encerrado em seu claustro, do qual era procurador geral, tinha por vestimenta o hábito, e jamais deixara a coroa de regular.
Falecendo o Conde do Bobadella governou interinamente com o Brigadeiro José Fernandes Pinto Alpoim e o chanceler João Alberto Castello Branco as capitanias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas.
Durante dez anos de enfermidade jamais deixou de ouvir missa em um só dia, e de confessar-se em tempo competente; afetado de repetidos ataques de erisipela, foi para o leito em 15 de agosto de 1773, e pereceu com resignação e piedade em 5 de dezembro de 1773.
Embalsamado o cadáver, e exposto três dias no palácio episcopal, houve as orações do costume; em cinco altares da sala celebraram-se missas, e conduzido para o claustro do mosteiro beneditino, teve sepultura aí como pedira em testamento. O Marquês de Lavradio, o Conde de Valadares, que se recolhia do governo de Minas, e outras pessoas de hierarquia assistiram as exéquias do prelado, e o abade Frei Lourenço da Expectação Valadares mandou colocar uma lápide de mármore com uma inscrição em latim sobre o jazigo desse bispo que foi homem bom e esmoler, teve misericórdia do culpado, dó do pobre e do órfão, e mereceu a estima e o respeito do povo.
Com indulto do papa deixou 100$000 para os mendigos, que acompanhassem seu cadáver até à igreja em que fosse sepultado, dando-se 100 réis a cada um; igual quantia para repartir-se com pessoas pobres recolhidas; 4,000 cruzados para uma sua irmã solteira e pobre; igual quantia a uma sobrinha em idênticas circunstâncias; às suas irmãs religiosas 100$000 a cada uma, e satisfeitos estes legados, o restante de 30,000 cruzados dividir-se-ia por viúvas e órfãs honestas e pobres, não excedendo cada esmola de 12$800. A seus capelães e familiares deixou os provimentos do seu sustento, e os móveis do palácio episcopal e os da fazenda do Rio Comprido: a cada familiar um vestido de luto; a seu mosteiro 200$000; à mitra a quinta do Rio Comprido com as casas, pomares e terras, e também a sua livraria.
Impossibilitado o Bispo Desterro de cumprir os deveres de seu cargo pelas moléstias, que afligiam-no, pediu um coadjutor, que foi o padre Vicente da Gama Leal, nomeado em 1755 com o título de bispo de Hetalonia, mas achando-se empregado na capela real de Villa-Viçosa, não veio Gama Leal ao Brasil, e em Portugal faleceu em 27 de setembro de 1691, sendo sepultado na freguesia de Espinhal, onde nascera em 22 de setembro de 1713.
Em 1773 foi escolhido para coadjutor e futuro sucessor do bispo do Rio de Janeiro o Dr. José Joaquim Justiniano Mascarenhas Castello Branco.
Filho do tenente-coronel João de Mascarenhas Castello Branco, que exercera o cargo de governador da Fortaleza da Ilha das Cobras, e de Dona Anna Teodora, nasceu José Joaquim Justiniano no Rio de Janeiro em 23 de agosto de 1731, e em 6 de setembro batizou-se na Igreja da Candelária. Depois de haver cursado as aulas da Companhia de Jesus, seu tio o vigário da Candelária, Ignácio Manoel da Costa Mascarenhas, enviou-o à Coimbra, onde o jovem estudante alcançou o grau de licenciado em cânones, e tomando ordens sacras, rezou a primeira missa no Convento de Odivelas. Em 1762 foi nomeado deputado da inquisição de Évora, e depois promotor; em 13 de julho de 1765 tomou posse do cargo de deão da Sé do Rio de Janeiro; e por estar ausente quis o cabido dar-lhe somente a côngrua, mas a ordem régia de 10 de julho de 1771 mandou fosse contemplado também nas distribuições quotidianas, ofícios e outros emolumentos. Partindo de Lisboa na fragata Nossa Senhora da Guia, em 21 de fevereiro de 1774, chegou ao Rio de Janeiro em 15 de abril, e no dia 16 desembarcou já como proprietário da mitra, por haver falecido o Bispo Desterro. Acompanhado do Marquês de Lavradio seguiu para o Seminário de São José, onde hospedou-se por estar em obras o Palácio Episcopal. Feita a protestação de fé nas mãos do chantre Manoel de Andrade Verneck, entrou de posse do bispado no dia 29 por seu procurador e tio o cônego Paulo Mascarenhas Coutinho.
Em 28 de maio fez sua entrada solene; vindo a câmara às varas do pálio, e achando-se as ruas ornadas com arcos de elegante arquitetura, e no dia seguinte, na festa da Trindade, celebrou em presença do arcebispo primaz do Oriente, do vice-rei, nobreza e povo.
Publicou a pastoral de 11 de março de 1775 chamando o clero a exame de teologia moral para conhecer da sua instrução; os frades capuchos recusaram obedecer-lhe, pelo que proibiu-lhes o bispo o uso da predica em todo o bispado, ainda dentro de suas próprias igrejas, sob pena de excomunhão maior; humilharam-se os religiosos ao prelado, que alcançou o alvará régio de 29 de abril de 1799, ordenando não ser lícito nem permitido aos regulares o uso do confessionário e do púlpito, sem faculdade expressa dos bispos. Visitou algumas paróquias de sua diocese, crismou na de Marapicu, determinou que as despesas da visita corressem por conta da mitra, instituiu conferências de moral em seu palácio em benefício do clero, e para evitar o incômodo da subida da ladeira transferiu-as para a Igreja de São Pedro, e depois para o Seminário de São José, sob a direção do franciscano Frei João Capistrano de São Bento, a quem tributava muita consideração, como prova-se pelo fato seguinte.
Presidindo aos exames do Seminário de São José, viu um aluno tímido e incerto nas respostas; quis dá-lo por incapaz, mas apresentando o estudante uma opinião de Frei João Capistrano, bateu o bispo na mesa e disse:
– Basta, está aprovado.
Em 24 de março de 1781 ordenou que não seria admitido a exame para confessar o padre que não exibisse certidão de frequência da aula do professor de moral do Seminário de São José. Abriu neste seminário em 1791 aulas públicas de retórica, filosofia, geografia, cosmologia e história natural; ordenou que nos seminários se ensinassem o canto chão e cerimônias eclesiásticas; deu clausura às freiras de Santa Thereza; lançou a primeira pedra da Igreja da Candelária, foi visitador e reformador do Convento do Carmo, cedeu aos parentes os bens do seu casal.
Acometido de um insulto apoplético em 1802 passou o governo da diocese ao vigário geral Francisco Gomes Villas Boas, e decorridos mais de dois anos de padecimentos, faleceu em 28 de janeiro de 1805; e sendo sepultado na capela do seu palácio, gravou-se no jazigo o seguinte:
Sancta Maria ora pro nobis.
Pediu em testamento que não alterassem as disposições sobre a simplicidade dos seus funerais, tanto por aborrecer naturalmente o excesso e vaidade de semelhantes pompas, como por não ter tido outros lucros no bispado senão seu rendimento e as pequenas côngruas de Sua Majestade para seu decente tratamento e das suas obrigações. Legou à mitra os melhoramentos feitos no Palácio Episcopal, e todos seus móveis, e 128$000 para serem divididos em esmolas aos pobres.
Assumindo o cabido o governo da diocese, nomeou para vigário capitular o deão Francisco Gomes Villas Boas; mas falecendo este em 18 de junho de 1806, reassumiu a administração da diocese até a posse do novo bispo, que foi Dom José Caetano da Silva Coutinho, natural da Vila das Caldas da Rainha, e bacharel em cânones.
Nomeado bispo em 4 de novembro de 1805, confirmado em 1806, e sagrado em 15 de março de1807, chegou ao Rio de Janeiro em 25 de abril de 1808, em 28 empossou-se do bispado por seu procurador o cônego Antônio Rodrigues de Miranda, e no dia 13 de maio celebrou sua entrada, saindo da Igreja de Santa Rita em procissão solene até a catedral, onde esperavam-no as pessoas reais, apesar de ser dia de gala. Por carta régia de 13 de junho de 1808 foi nomeado capelão-mor da casa real, visitou todo o bispado; criou diversas freguesias e comarcas eclesiásticas; em virtude da bula Venerabiles de 15 de dezembro de 1750 declarou dispensados os dias santos para neles se poder trabalhar, a exceção de alguns que a bula mandara guardar, e de outros que ficaram sujeitos à observância antiga; cuidou na catequese dos índios, embrenhando-se em matas cerradas, em tribos de selvagens; para pagamento das cadeiras de ensino que criou no Seminário de São José doou ainda em sua vida a este estabelecimento vinte apólices de 1:000$000 e um prédio na Rua da Assembleia, e por sua morte mais 10:000$000 em dinheiro; favoreceu muitas obras pias, e concorreu para a edificação de muitos templos e reparo dos velhos.
Separado o Brasil de Portugal, ocupou Dom José Caetano o lugar de deputado da constituinte, da qual foi presidente; foi eleito deputado à assembleia legislativa por mais de uma província; escolhido senador pela província de São Paulo, ocupou no senado a cadeira da presidência; coroou o primeiro imperador do Brasil, do qual recebeu a Grã Cruz de Cristo e a da Rosa. Era homem estudioso, dado ao cultivo das letras, caritativo e de caráter sisudo e honesto. Constando-lhe que um sacerdote dizia duas missas por dia, mandou chamá-lo e perguntou-lhe:
– Porque comete esta falta?
– Por necessidade, por não ter pão para comer.
– Pois venha jantar todos os dias à nossa casa, e mensalmente receberá uma quantia, retorquiu-lhe o bispo.
Indo ao paço, em dia de cortejo, viu por um espelho certos acenos ridículos, que fazia-lhe um fidalgo; desde então não compareceu mais nos dias de gala.
Afetado de hepatite, de derramamento no ventre, e de erisipelas, disseram-lhe os médicos que convinha receber os sacramentos, ouviu com calma essa notícia, e resignado disse para os que cercavam-no.
– A providência aqui me pôs, e ela bem sabe se ainda sou ou não necessário.
Antes de receber o pão dos fortes falou aos que cercavam-no da sua indignidade, pediu-lhes perdão, e agradeceu-lhes serviços. Pouco antes de falecer mandou ler os salmos penitenciais, comentou-os, e declarou esperar a salvação pela misericórdia infinita do Eterno; pereceu em 27 de janeiro de 1833; deram os navios e fortalezas as salvas do estilo, tangeram os sinos das igrejas; ocupou o átrio do paço episcopal uma guarda de honra; embalsamado o cadáver pelo Dr. Meirelles, foi exposto ao público, e no dia 30 houve os funerais, aos quais assistiram os regentes, o corpo diplomático e o clero; sendo o cadáver encerrado em um jazigo da capela episcopal sobre o qual gravou-se um epitáfio em latim.
Nomeado vigário capitular o Monsenhor Francisco Corrêa Vidigal, exerceu esse cargo até 11 de abril de 1838 em que faleceu; sendo eleito para substituí-lo o Monsenhor Narciso da Silva Nepomuceno, que governou a diocese até a posse do novo bispo em 27 de abril de 1840.
Em 10 de fevereiro de 1839 obteve a diocese fluminense Dom Manoel do Monte Rodrigues de Araújo, natural de Pernambuco onde nasceu em 17 de março de 1796 sendo seus pais o negociante João Rodrigues de Araújo e Dona Catharina Ferreira de Araújo.
Vencera com pouca idade os primeiros estudos, e tal inteligência e aproveitamento manifestara que julgaram-no seus pais digno da vida eclesiástica, então seguida pelos mais robustos talentos.
Estudara filosofia com os padres da congregação do oratório, e matemáticas com os frades carmelitas; em 1817 partira para Olinda, onde matriculando-se no seminário episcopal, aplicara-se tanto à teologia, que na ausência do professor, passara do banco de aluno para a cadeira de lente.
Ordenado no Rio de Janeiro, regressara para sua província na qual alcançara em concurso público e com exibição de provas brilhantes a cadeira de lente de teologia do seminário episcopal. Eleito deputado por Pernambuco em 1834, bispo em 1839, foi confirmada a eleição em 23 de dezembro de 1839, e sagrado em 24 de maio de 1840 na Capela Imperial em presença do Imperador, ainda menor, das princesas, do regente, do tutor, mordomo-mor e outros empregados do paço; presidindo a sagração o bispo de Cuiabá, e orando o cônego Januário da Cunha Barboza.
Em 1844 elegeu-o deputado a província do Rio de Janeiro; em 1845 visitou a diocese; abençoou o consórcio de Dom Pedro II com Dona Thereza Christina; celebrou o matrimônio das princesas Dona Januária e Dona Francisca; batizou todos os príncipes filhos de Dom Pedro II; em 1850, na epidemia da febre amarela, esmolou de porta em porta o pão da caridade para os doentes pobres; alcançou a dignitária da Ordem da Rosa, a grã-cruz de São Januário e de Francisco I de Nápoles, o título de Conde de Irajá e o de prelado doméstico ao sólio pontifício. Varão virtuoso e sábio, conseguiu a estima e veneração do povo; estudioso e modesto dedicou-se ao cultivo das letras, e publicou obras de teologia e direito eclesiástico, que mereceram elogios dos doutos; fez do seu palácio um asilo de caridade, do qual se não afastava o pobre sem esmola, nem o aflito sem consolação; e se pelo seu saber, caridade e virtudes honrou o sólio episcopal, pelos seus serviços à pátria tornou seu nome distinto entre os dos seus concidadãos. Faleceu em 11 de junho de 1863; embalsamado o cadáver, fizeram-se solenes exéquias, às quais assistiram todo o clero, e comissões de sociedades científicas, pois era o finado sócio do Instituto Histórico e de outras associações; orou na cerimônia fúnebre o cônego Fonseca Lima, tendo sepultura o cadáver do prelado na capela episcopal.
Elegeu o cabido para vigário capitular o Monsenhor Félix Maria de Freitas Albuquerque.
O decreto de 1 de fevereiro de 1868 nomeou para bispo ao Padre Dr. Pedro Maria de Lacerda, nascido no Rio de Janeiro em 31 de janeiro de 1830; em 10 de janeiro de 1869 foi sagrado na catedral da cidade de Mariana em Minas; em 31 do mesmo mês tomou posse do bispado por seu procurador o governador do bispado monsenhor Félix Maria de Freitas Albuquerque; em 1 de março chegou ao Rio de Janeiro, e sete dias depois executou sua entrada solene saindo em procissão da Igreja de São Pedro, acompanhado das irmandades, confrarias, ordens terceiras, comunidades religiosas e colegiadas das freguesias, do cabido e dos vereadores, que pegavam às varas do pálio, sob o qual vinha o novo bispo, revestido dos hábitos pontificais, abençoando o numeroso concurso de fiéis, que se grupavam de ambos os lados do préstito; ao entrar na catedral ao som do hino Ecce sacerdos magnus, tomou assento no sólio e assistiu ao Te-Deum, cantado em ação de graças por ter cessado a viuvez da igreja fluminense. Um batalhão da guarda nacional em grande uniforme, fez a guarda de honra da procissão, e postado à porta da Capela Imperial deu as descargas do estilo.
Suscitou este bispo o conflito com a maçonaria suspendendo o padre Almeida Martins, que ostentara pertencer àquela associação; daí prolongou-se a luta, estendeu-se às províncias do Pará e Pernambuco, cujos bispos, lançando interditos a diversas corporações religiosas, entraram em contenda com o poder civil, que prendeu-os e processou-os, e condenados pelo supremo tribunal de justiça foram reclusos o de Pernambuco na fortaleza de São João, e o do Pará na Ilha das Cobras; mas no fim de alguns meses foram anistiados, assim como outros eclesiásticos que se achavam envolvidos no conflito; suspendendo o Papa os interditos lançados às irmandades.
Mas a questão dos poderes civil e religioso não serenou, pelo contrário mostra-se veemente e exaltada; porém mui recente não pode ser estudada e meditada com calma; todavia deve observar-se que convém aos dois poderes marcar os limites de sua jurisdição, evitando lutas, que são fatais à sociedade e à religião.
Fonte
- Azevedo, Manuel Duarte Moreira de. O Rio de Janeiro: Sua História, Monumentos, Homens Notáveis, Usos e Curiosidades. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1877. 2 v. (É a segunda edição do “Pequeno Panorama” 1861-67, 5 v.).
Livro digitalizado
- Internet Archive – Primeiro Volume (pág. 333)
Mapa - Palácio Episcopal no Morro da Conceição