Jardim Botânico, por Noronha Santos

O Jardim Botânico do Rio de Janeiro, importante parque, apreciado pela sua flora e atrativos naturais do terreno, está dentro dos limites da freguesia (da Gávea). À entrada do parque, nota-se uma alameda de palmeiras colossais, plantadas nos últimos tempos do período colonial. Todos os arbustos e plantas raras têm, cada qual, um letreiro explicando a sua procedência e o seu nome.

Dista o Jardim duas léguas do centro da cidade e acha-se aberto diariamente das 7 horas da manhã às 6 da tarde. Sua administração é dependente do Ministério do Interior. Foi ajardinado o importante parque no governo de D. João VI, pouco depois da chegada da Família Real ao Brasil. Em 1808, o diretor da Fábrica de Pólvora, que existiu junto à Lagoa Rodrigo de Freitas, criou um pequeno jardim nas terras de sua residência modificando-o no ano seguinte com a plantação de árvores, vindas do estrangeiro, trazidas umas pelos membros da comitiva real e outras pelo Chefe de Divisão, Luís de Abreu. De 1809 a 1819, insignificante foi o desenvolvimento apresentado pelo Jardim da Lagoa, como era conhecido. No começo do ano de 1819 começaram os preparativos de embelezamento do Jardim, cuidando o Governo de sua manutenção. Foi nomeado primeiro diretor João Gomes da Silveira Mendonça, depois Marquês de Sabará, ficando dependente a sua administração do Museu Real, pelo Decreto de 11 de maio de 1819, assinado pelo Ministro de Reino, encarregado do Real Erário, Conselheiro Tomás Antônio Vilanova Portugal. Passou depois, por Decreto de 22 de fevereiro de 1822, a ser dirigido pela Secretaria do Ministério dos Negócios do Império. No governo do Imperador D. Pedro II, foi encarregado o Imperial Instituto Fluminense do plantio de árvores, recebendo por isso dos cofres públicos a subvenção anual de 24:000$000, empregando-se essa quantia não só para o fim a que se destinava, como também à criação de um estabelecimento de lavoura. As duas cascatas do jardim são formadas pelas águas do rio Macaco, que, já dissemos, deságua na Lagoa Rodrigo de Freitas. Faleceu repentinamente nesse Jardim, em 14 de maio de 1830, o grande historiador José de Souza Azevedo Pizarro e Araújo, autor das Memórias Históricas do Rio de Janeiro, sepultando-se nas catacumbas da Igreja de S. Pedro (O Rio de Janeiro – Dr. Moreira de Azevedo). Assim fica relatada a notícia do Jardim Botânico, único que possuímos e que constitui com orgulho título de glória para todos os brasileiros (47 – O Jardim Botânico pode-se dizer criado com a denominação de Horto Real, anexo à Fábrica de Pólvora, pelo Decreto de 13 de junho de 1808, e instalado então onde fora o Engenho da Lagoa. Apenas em 11 de maio de 1819 se tornou público sob o nome de Real Jardim Botânico e anexado ao Museu Real).[1]
Nota do editor
- Denominações: Real Horto (1808); Real Jardim Botânico (1818); Jardim Botânico da Lagoa Rodrigo de Freitas (1825); Jardim Botânico (1833); Jardim Botânico do Rio de Janeiro; Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (1998). Fonte: Fiocruz.
Fonte
- Santos, Francisco Agenor de Noronha. As Freguesias do Rio Antigo: vistas por Noronha Santos. Introdução, Notas e Biobibliografia por Paulo Berger. Rio de Janeiro, 1965.
Veja também
Mapa - Jardim Botânico do Rio de Janeiro