Rua Senhor dos Passos, Noronha Santos
![GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. Acervo digital da Biblioteca Nacional. GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. Acervo digital da Biblioteca Nacional.](/img/bn/bn_Guia-e-Plano-da-cidade-do-Rio-de-Janeiro-1858-Mc-Kinney_cart174224-Rua-Senhor-dos-Passos.jpg)
RUA SENHOR DOS PASSOS – Aberta em fins do século XVII, ou princípios da centúria setecentista em terras que foram da Chácara do Gonçalo, com o nome de Fernão Gomes, mudado para Rua da Polé – por causa da lagoa que lhe ficava nas imediações. Construída a capela do Senhor dos Passos, passou a ser conhecida por essa invocação religiosa.
Rua outrora mal habitada, com casebres imundos, que no dizer de um noticiarista se assemelhavam a palhoças de uma aldeia, tinha a agravar-lhe o aspecto de miséria, não só da prostituição, como da canalhice da ralé, que muito e muito a desmoralizaram. “Palavras, cânticos, gestos, olhares nada faltava nessa via pública – nesse concerto infernal de todos os vícios” – escrevia o chefe de Polícia Dr. Brasil Silvado, nos primeiros tempos da república.
É atualmente uma rua tranquila, honesta e um dos pontos da cidade onde avultam as casas de comércio da operosa e morigerada colônia sírio-libanesa, que, a partir de 1873, se estabeleceu em nosso país. A esse respeito o Almanaque Garnier, de 1909, publica excelentes subsídios do jornalista Manuel Curvelo de Mendonça.
Em 1883, sendo presidente da Companhia Ferro Carril São Cristóvão o Dr. Francisco Pereira Passos, propôs à Municipalidade alargar e prolongar essa rua, dando-lhe 25 metros de largura – da Praça da Aclamação à Rua 1.º de Março, calçando-a a custa daquela empresa. Mais tarde, já no regime republicano, o jornalista Dr. José Ferreira de Souza Araújo e Giuseppe Fogliani obtiveram concessão para o alargamento e prolongamento do logradouro – concessão que foi transferida em fins de 1890 ao médico Dr. Antônio Brissay. No ano seguinte, o Conselho da Intendência Municipal concedeu autorização para o mesmo fim a Adolfo Porchat – contra a qual protestaram os primitivos concessionários. O cessionário Brissay transferiu sua pretensão pelo decreto n. 710, de 23 de janeiro de 1892, à Companhia União Industrial dos Estados Unidos do Brasil. O decreto executivo municipal n. 3, de 4 de fevereiro de 1893 declarou caduca a concessão para o alargamento e prolongamento dessa rua.
Na administração do prefeito Dr. Inocêncio Serzedelo Corrêa, a Rua Senhor dos Passos, que se valorizara depois da governança de Pereira Passos, teve aprovado o plano de seu prolongamento até à Rua Uruguaiana (decreto n. 753 de 27 de dezembro de 1909).
CAPELA DO SENHOR DOS PASSOS[1] – Mandada construir por provisão de 30 de abril de 1737 e iniciativa de Inácio Fernandes Fortes. Foi doada pelo bispo D. Manuel do Monte Rodrigues à Ordem Terceira de Nossa Senhora do Terço, a 15 de fevereiro de 1848 – como se lê na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Kidder, em suas Reminiscências de Viagens e Permanência no Brasil[2], refere-se à procissão dos passos, que se realizava durante a semana santa e saía da capela imperial, dando-lhe, porém, o nome de procissão de Nosso Senhor dos Passos, que nenhuma relação tem com as cerimônias da igrejinha citada nestas anotações.
Notas do editor
- ↑ Igreja Nossa Senhora do Terço e Senhor dos Passos. Rua Senhor dos Passos, 140.
- ↑ Kidder, Daniel Parish, Reminiscências de viagens e permanência no Brasil : Rio de Janeiro e província de São Paulo compreendendo notícias históricas e geográficas do Império e das diversas províncias – 2001 – Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial.
Fonte
- Anotação de Noronha Santos na introdução do livro Memórias para Servir à História do Reino do Brasil
Imagem destacada
- GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. 1 planta ; 30,2 x 40,7 em f. 35,5 x 47cm. Acervo digital da Biblioteca Nacional.
Mapa - Rua Senhor dos Passos