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Rua São José, por Noronha Santos

GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. Acervo digital da Biblioteca Nacional.
GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. Acervo digital da Biblioteca Nacional.

RUA SÃO JOSÉ – Pouco antes da mudança da Câmara do Morro do Castelo, cordeou-se essa rua, não ultrapassando da do Carmo. A partir da Rua da Misericórdia recebeu o nome Antônio Nabo, que segundo Alcântara Gomes, foi um dos primeiros moradores e provavelmente grande proprietário. (Um corredor das barcas para a Avenida Central – in Boa Noite – 12 de outubro de 1921). O auto de vereança, de 10 de abril de 1647, regista o aforamento de Afonso Gonçalves na rua avante da banda do Carmo (O Rio de Janeiro no século XVII – Acórdãos de vereanças – pág. 141). Em 1671, a provisão do Ouvidor João de Abreu, de 30 de outubro, provendo sobre vendas e tavernas, valhacoutos de escravos e ladrões, faz referência a esse logradouro no limite de Nossa Senhora da Ajuda até Nossa Senhora do Parto (Autos de correições – 1624-1699 – pág. 64).

A Rua da Misericórdia, onde residia a nobreza da terra e as da Ajuda, Direita e São José foram, a princípio, simples caminhos, transformados nas mais velhas ruas da cidade (Max Fleiuss – História da cidade do Rio de Janeiro).

Igreja de São José
Igreja de São José

Felisbelo Freire, Delgado de Carvalho e Vieira Fazenda registam que, nessa rua, canto da Ladeira do Carmo, instalou-se aos primeiros anos do século XVII um armazém de escravos vindos da costa da África. Edificada em 1633 a Igreja de São José, tomou a denominação desse orago, padroeiro dos carpinteiros.

O trecho entre a Praça 15 de Novembro e a Travessa do Paço (antiga dos Madeireiros), foi alargado em virtude do decreto n. 459, de 19 de dezembro de 1903. Em 1907 foram sugeridos vários melhoramentos. “A Rua São José, coitadinha, está esburacada, suja, com as lajes dos passeios afundadas – umas e outras caídas, de modo que ninguém se aventura por ali passar, sem se expor a dar topadas” – escrevia Artur Azevedo, fazendo-se pregoeiro de aspirações dos moradores (Palestra – O País de 10 de julho daquele ano).

O decreto n. 992, de 24 de outubro de 1914 desapropriou os prédios necessários ao alargamento, projetado dez anos antes, em outubro de 1904. Com o arrasamento do Morro do Castelo, foram condenados todos os prédios do lado da numeração ímpar, de ns. 7 a 91, nos termos do decreto n. 1924, de 26 de novembro de 1923.

A Rua São José é a que possui atualmente maior número de mercadores de livros. Bem poderia chamar-se – rua das livrarias.

Fonte

  • Anotação de Noronha Santos na introdução do livro Memórias para Servir à História do Reino do Brasil

Imagem destacada

  • GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. 1 planta ; 30,2 x 40,7 em f. 35,5 x 47cm. Acervo digital da Biblioteca Nacional.

Mapa - Rua São José