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Rua dos Pescadores, por Noronha Santos

GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. Acervo digital da Biblioteca Nacional.
GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. Acervo digital da Biblioteca Nacional.

RUA DOS PESCADORES – Em área onde ficavam os terrenos doados em 1569 pelo vereador Manuel de Brito e seus filhos aos reverendos frades de São Bento, cordeou-se um caminho que, em 1610, se chamou de Manuel dos Reis – homem bom do povo e vereador em 1612. A casa de Manuel dos Reis ficava na ribeira da Praia de São Bento e naquele segundo ano, a 3 de abril, ele a traspassara, com os terrenos contíguos, a Domingos de Paiva. Ali viveram em choças os pescadores da ribeira. Até meados do século da colonização não passava esse lugar de vasto alagadiço, que, nas marés altas, transformava o morro dos frades beneditinos numa ilha. Felisbelo Freire, em sua História do Rio de Janeiro, publica escrituras que reconstituem o parcelamento territorial dessa zona da cidade naquele tempo.

Prolongada a Rua dos Pescadores – cuja nominação aparece em documentos lavrados desde os primeiros anos da centúria setecentista, chegou até a Rua dos Ourives, comunicando-se com o sítio do Valverde ou do Vila Verde. Retificou-se em 1792 o seu alinhamento, demolindo-se alguns prédios, o que também se executou em 1831 por ocasião das obras novas do Arsenal de Marinha, desaparecendo as casas fronteiras a este próprio nacional e que haviam sido construídas no século XVII. Desde 1829 já se achava alargado o trecho inicial da rua, formando uma pequena praça junto à Rua Braz de Pina (Visconde de Itaboraí por deliberação municipal de 17 de fevereiro de 1870).

Para continuação da Rua dos Beneditinos, retificou-se novamente o alinhamento da Rua dos Pescadores em 1853.

Em sessão da Câmara Municipal, de 18 de novembro de 1869, teve a denominação – Rua Visconde de Inhaúma, aprovada por portaria do Ministério do Império, de 29 do mesmo mês e ano, em memória do Almirante Joaquim José Inácio, falecido a 30 de junho do mesmo ano.

Pelo decreto n. 459, de 19 de dezembro de 1903, o prefeito Dr. Francisco Pereira Passos aprovou os planos organizados pela repartição da Carta Cadastral sob a chefia do engenheiro Alfredo Américo de Souza Rangel, para a execução de várias obras, inclusive o prolongamento da estreita Rua Visconde de Inhaúma, demolindo-se todos os prédios da chamada Rua Estreita de São Joaquim (que era a continuação da do Marechal Floriano, antiga São Joaquim) e os imóveis do lado par do logradouro a alargar. Esta obra e as demais projetadas e executadas de meados de 1903 a 1906, importaram em mais de 79 mil contos, que foi o primitivo orçamento. Ultimou-se o alargamento da Rua Visconde de Inhaúma, em 1905. Desapareceram totalmente a Rua Estreita de São Joaquim e alguns prédios do Largo de Santa Rita, da travessa da mesma denominação e da Rua dos Beneditinos, de forma a constituir o logradouro um prolongamento da hoje Avenida Marechal Floriano, transformando-se um dos mais tristes e feios corredores do Rio de Janeiro numa das mais amplas vias públicas da moderna cidade.

Realizava-se afinal parte do sonho urbanístico do Barão de Taunay, que em dias do governo imperial aconselhava a prolongamento da Rua Larga até o mar – além de uma série de melhoramentos, inclusive a abertura de uma avenida do aterrado da Cidade Nova ao Paço Imperial da Boa Vista, em São Cristóvão.

Fonte

  • Anotação de Noronha Santos na introdução do livro Memórias para Servir à História do Reino do Brasil

Imagem destacada

  • GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. 1 planta ; 30,2 x 40,7 em f. 35,5 x 47cm. Acervo digital da Biblioteca Nacional.

Mapa - Rua dos Pescadores, Rua Visconde de Inhaúma (Começa na Rua Visconde de Itaboraí e finda no Largo de Santa Rita. Guia Rex, 1969)