Rua da Quitanda, por Noronha Santos
![GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. 1 planta ; 30,2 x 40,7 em f. 35,5 x 47cm. Acervo digital da Biblioteca Nacional. GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. 1 planta ; 30,2 x 40,7 em f. 35,5 x 47cm. Acervo digital da Biblioteca Nacional.](/img/bn/bn_Guia-e-Plano-da-cidade-do-Rio-de-Janeiro-1858-Mc-Kinney_cart174224-Rua-da-Quitanda.jpg)
RUA DA QUITANDA – Aberta em princípios do século décimo sétimo, teve varias nominações. Chamou-se do Açougue Velho, por se haver instalado no logradouro o talho de carne verde, vindo da várzea da cidade, após a compra de um terreno feita pela Câmara a Antônio Martins de Palma; Mateus de Freitas, Canto do Tabaqueiro, na esquina da Rua do Ouvidor e Sucusarará – entre as ruas do Ouvidor e do Cano (Sete de Setembro). No 3.º volume da revista Arquivo do Distrito Federal (pág. 245), figura uma escritura de hipoteca entre os religiosos do Carmo e José de Andrade Souto Maior, em 1 de maio de 1679, acerca de imóveis no Canto do Tabaqueiro. Por essa época era assaz animada a indústria do tabaco, ativando-se a importação do fumo baiano, iniciada nos primeiros tempos da colonização. O nome – Sucusarará persistiu até princípios do século XIX, sendo inúmeros os documentos arquivais que a ele se referem, principalmente em autos de Almotaçaria. Na revista Sul América (n.º de outubro de 1935) damos em artigo (A rua da Quitanda na lenda e na tradição) algumas notas a esse respeito. Melo Morais, pai, foi quem primeiro tratou dessa pitoresca denominação (Corografia Histórica – 1.º vol. – pág. 279), ultimamente também citada pelo ilustre historiador Rodolfo Garcia (Anais da Biblioteca Nacional – vol. LIX). O espaço que vai da Rua do Ouvidor à do Hospício (a moderna Rua Buenos Aires) conheceram-no por Canto dos Meirinhos – denominação que se encontra no romance de Manuel Antônio de Almeida (Memórias de um sargento de milícias). Vieira Fazenda refere que, entre as ruas General Câmara e São Pedro, teve a crisma de Canto de João Azevedo, em memórias do cirurgião da Misericórdia João Azevedo Roxas. (Antiqualhas e Memórias do Rio de Janeiro: – Revista do Instituto Histórico – tomo 95 – Ruas antigas).
Em sessão da Câmara Municipal, de 14 de maio de 1888, por proposta do vereador José Carlos do Patrocínio, denominou-se João Alfredo, em homenagem ao conselheiro João Alfredo Correa de Oliveira, presidente do conselho de ministros de 10 de março do mesmo ano, que extinguiu a escravidão. A 28 de janeiro de 1892, a Intendência Municipal, sem nenhuma razão defensável, restabeleceu a antiga denominação – Quitanda – confirmando-a o decreto municipal n. 1165, de 31 de outubro de 1917.
À semelhança da Rue Saint-Denis[1], de Paris, que foi o logradouro predileto da burguesia do tempo de Luiz XV, a Rua da Quitanda, no velho Rio de Janeiro, transformou-se durante o primeiro reinado num centro de conservadorismo retrógrado e provocador, envolvendo-se seus moradores, tendeiros e merceeiros portugueses, nos céleres conflitos de 1830 e 1831, que culminaram a 14 de março desse segundo ano na noite das garrafadas.
Luccock denominou-a de Rua da Quitandi (Notas sobre o Rio de Janeiro e partes meridionais do Brasil).
Nota do editor
- ↑ Rue Saint-Denis é uma das ruas mais antigas de Paris. Sua rota foi colocada pela primeira vez no século I pelos romanos, e depois estendida para o norte, na Idade Média. Wikipédia
Fonte
- Anotação de Noronha Santos na introdução do livro Memórias para Servir à História do Reino do Brasil
Imagem destacada
- GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. 1 planta ; 30,2 x 40,7 em f. 35,5 x 47cm. Acervo digital da Biblioteca Nacional.
Mapa - Rua da Quitanda