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Rua da Cadeia, por Noronha Santos

GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. 1 planta ; 30,2 x 40,7 em f. 35,5 x 47cm. Acervo digital da Biblioteca Nacional.
GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. 1 planta ; 30,2 x 40,7 em f. 35,5 x 47cm. Acervo digital da Biblioteca Nacional.

RUA DA CADEIA – Estreita vereda que, da faixa litorânea, se comunicava com os caminhos paralelos e perpendiculares ao mar, já se achava cordeada na metade do século seiscentista. Prolongada em fins desse século, dava acesso ao cruzeiro de Santo Antônio ou de São Francisco. Daí se originou a nominação de caminho que vai para o cruzeiro de Santo Antônio ou de São Francisco. No trecho inicial ainda a conheciam em 1647 pelo nome de um dos antigos moradores – o pasteleiro Manuel Ribeiro.

Em 1643 arrendara Ribeiro a venda de carne verde, ao preço de treze réis o arrátel, associando-se no ano seguinte a Martinho de Freitas. Mais lucrativo do que a venda de pastéis, era, evidentemente, o arrendamento das carnes, cujo preço foi subindo, de um vintém a três vinténs. Em consequência da crise econômica de 1660, subiram de preço não só a carne, como o pão de mandioca, o peixe, o azeite e o açúcar – notadamente este produto que mais interessava à ganância dos traficantes e à Companhia do Comércio.

A denominação – Cadeia – dada nos tempos coloniais, mudou-se em 1825 para a de rua que vai para a Assembleia, ou simplesmente Rua da Assembleia, por deliberação da Ilma. Câmara Municipal de 24 de outubro de 1848, aprovada por portaria do Ministério do Império, de novembro do mesmo ano. A 27 de julho de 1921, o decreto n. 1585, denominou-a – Rua República do Peru, mas outro decreto municipal de n. 6065, de 28 de setembro de 1937, restaurou-lhe a antiga denominação de Assembleia.

Dentre as obras que a critério do engenheiro Antônio de Paula Freitas deveria executar o governo imperial, estava a do alargamento dessa rua. Reproduzia o operoso engenheiro, em traços gerais, antigo projeto apresentado no tempo de D. João VI, que cogitara de uma saída larga, desde o mar, cortando o edifício do Convento do Carmo e alargando as ruas que iam desembocar no Rossio. Esse plano é referido por Varnhagen, no 2.º volume de sua História Geral.

Em dias do Encilhamento foram apresentados, em 1891, projetos elaborados pelo pintor Emilio Rouède e por Colatino Marques de Souza consistindo na construção de edifícios modelos e alargamento, não só dessa rua, como das de São José, Ajuda, Santo Antônio e Largo da Carioca. A 19 de dezembro de 1903, aprovou o prefeito Passos o plano de alargamento e em meados de 1904 estavam desapropriados os prédios de ns. 2 a 114 e já demolidos mais de metade deles. Julgando sob um ponto de vista assaz pessimista, longe de corresponder à realidade dos fatos, escrevia o engenheiro Tito Barreto Galvão no Jornal do Comércio, de 29 de agosto de 1904, opondo-se a essa obra, como as demais do prefeito Passos.

Fonte

  • Anotação de Noronha Santos na introdução do livro Memórias para Servir à História do Reino do Brasil

Imagem destacada

  • GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. 1 planta ; 30,2 x 40,7 em f. 35,5 x 47cm. Acervo digital da Biblioteca Nacional.

Mapa - Rua da Cadeia, Assembleia (Começa na Praça XV de Novembro, termina no Largo da Carioca. Guia Rex, 1969)