Cais do Largo do Palácio, por Noronha Santos
![GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. 1 planta ; 30,2 x 40,7 em f. 35,5 x 47cm. Acervo digital da Biblioteca Nacional. GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. 1 planta ; 30,2 x 40,7 em f. 35,5 x 47cm. Acervo digital da Biblioteca Nacional.](/img/bn/bn_Guia-e-Plano-da-cidade-do-Rio-de-Janeiro-1858-Mc-Kinney_cart174224-Cais.jpg)
CAIS DO LARGO DO PALÁCIO – Sob o governo de Luiz de Vasconcelos (1779-1789) construiu-se um cais, onde acostavam as embarcações que se abasteciam de água do chafariz da pirâmide. Consistia essa formidável obra lajeada e murada num grosso paredão que defendia a praia, onde, devido à violência do mar, se tornara perigoso o embarque. O primitivo cais fora construído na Praia Dom Manuel, em obediência à correição do ouvidor João de Souza de Cardena, de 16 de abril de 1624.
Com os aterros que se fizeram seguidamente, desapareceu a grande obra do vice-rei Dom Luiz de Vasconcelos, apresentando em 1808 um terrapleno sobre o cais arruinado. O governo do príncipe-regente Dom João mandou reconstruir o embarcadouro e ajardinar o lugar em painéis, contornados por meios-fios de pedra, dando impressão das marinhas de Lisboa.
Reparado em 1817 o cais, com escadas de acesso, teve aumento em 1820. Iniciou-se, em 1843, a construção de outro embarcadouro, cuja despesa fora calculada em 237 contos de réis, por conta dos cofres municipais, que dispunham então de uma arrecadação não excedente de 230 contos. Por escassez de recursos, paralisou a Municipalidade em 1847 a construção, tendo feito, no entanto, grande aterro sobre o mar. Em 22 de agosto de 1848, Luiz Adolfo Pharoux, estabelecido na Rua Fresca (1), com negócio de hotel, requereu, à Câmara Municipal, licença para fazer um cais e uma ponte destinados ao público em geral. Pharoux que, depois do desastre de Waterloo, emigrara para o Brasil, com o auxílio de compatrícios da então numerosa colônia francesa fundou uma hospedaria, com pensão por cabeça e ao mês – como se lê num dos anúncios de 1839. Aqui viveu feliz e próspero, tendo casado com Henriette Delebois. Já muito velho, pois nascera em 1780, retirou-se para o seu país, onde faleceu em 1867. É uma figura da cidade, transmitindo o seu nome ao Cais junto à estação da Companhia Cantareira.
De 1859 a 1862 executaram-se obras de reconstrução no cais, mas em condições que exigiram constantes consertos. Em 1870, o ministro do Império, conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, atendendo à representação da Edilidade, autorizou a obra projetada de um embarcadouro – de acordo com os mais adiantados processos hidráulicos. Não ultrapassou a despesa, inclusive com a feitura de uma rampa de pedra, a Rs. 85:433$. Novas obras se fizeram em 1897 e a 28 de maio de 1902, sendo prefeito o Dr. Joaquim Xavier da Silveira Júnior lavrou-se contrato com os engenheiros Chagas Doria e Oliveira Fernandes, para colocação de uma balaustrada de cantaria, na extensão do Cais Pharoux – obra prosseguida na administração interina do coronel Carlos Leite Ribeiro.
Nota do editor
- ↑ A Rua Fresca se tornou Rua Clapp. Ia da Praça XV de Novembro até o Largo do Moura. (Revista Guia Rex, 1969)
Fonte
- Anotação de Noronha Santos na introdução do livro Memórias para Servir à História do Reino do Brasil
Imagem destacada
- GUIA e plano da cidade do Rio de Janeiro. [S.l.: s.n.], 1858. 1 planta ; 30,2 x 40,7 em f. 35,5 x 47cm. Acervo digital da Biblioteca Nacional.
Mapa - Praça XV de Novembro