Chafariz das Musas, por Magalhães Corrêa

No lugar onde existia um repuxo feito por frei Leandro construído há cerca de 70 anos, na parte central da aleia das palmeiras, foi colocado o chafariz do Largo da Lapa, pelo Dr. J. Barbosa Rodrigues, diretor do Jardim Botânico, em 1895. Este chafariz tinha o material completamente conservado e nunca funcionara no referido Largo, conforme as crônicas de O País, de 1885, que constantemente reclamara o seu abandono e o seu não funcionamento. O referido diretor conseguira o chafariz para o jardim e na desmontagem, montagem e o transporte do mesmo gastou cincoenta contos.
Sobre um amontoado de pedras artificiais, no centro de uma bacia de mármore de 16 metros de diâmetro por 0,90m de fundo, cercado de mirtos e entre vasos de mármore com samambaias, ergue-se um chafariz de ferro, fundido em Londres, tendo quatro meninos diametralmente opostos, que com vasos despejam água na bacia e ligados ao corpo central por um ornato em curva que forma a base da grande taça. No corpo circular formado pela base, intercalados entre os meninos, aparecem altos relevos representando dois meninos com tridentes, sedestres e compostos de costas um para o outro, saindo dentre eles um jorro d’água que cai numa concha, em forma de pia, da qual transborda para o tanque. Sobre este corpo a taça, ornada de estrias formando gomos, com cabeças de golfinhos espaçadamente colocados, de onde cai água. Sobre a taça um corpo cilíndrico, dividido por quatro consolos e, nos intervalos, cabeças de velhos de longas barbas, lançando das bocas o líquido para a taça; sobre este corpo um outro dividido em quatro nichos, com quatro estátuas sedestres, representando as artes: Musical, Plástica, Poética e Dramática. Colocada sobre este corpo, uma outra taça menor, e no centro, quatro golfinhos conjugados formando o pedestal de uma ânfora achatada, de onde quatro goelas de peixes projetam diretamente a água no tanque de mármore; coroando o chafariz um repuxo movimentado de quatro pontas, a seis metros de altura do solo.
Fonte
- Corrêa, Armando Magalhães. Terra Carioca - Fontes e Chafarizes. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1939. 214 p. Ed. do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. (Reimpressão feita pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Coleção Memória do Rio, vol. 4).
Veja também
Mapa - Jardim Botânico do Rio de Janeiro