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Chafariz da Praça 15 de Novembro, por Magalhães Corrêa

Chafariz Monumental do Jardim do Monroe, obra de Louis Sauvageau, datada de 1861, antigo Chafariz da Praça Quinze de Novembro
Chafariz Monumental do Jardim do Monroe, obra de Louis Sauvageau, datada de 1861, antigo Chafariz da Praça Quinze de Novembro

O chafariz monumental da Praça 15 de Novembro é o tipo dos ornamentais que existem nas grandes capitais.

Sobre uma sapata circular, repousa um patamar de quatro degraus, interceptados por quatro socos diametralmente opostos situados no mesmo nível do patamar, que outrora tinham tubos metálicos, por onde se abasteciam os marítimos.

Nesse patamar assenta uma grande bacia circular; toda essa parte descrita é de cantaria do país.

Surge desta bacia o chafariz de ferro fundido, indústria francesa, executado na fundição Val d’Osne em Paris, composto de uma alta bacia circular, dividida em quatro partes, que na parte externa aparecem como socos, tendo ao centro, uma carranca de onde jorra a água. Sobre esta segunda bacia um corpo cilíndrico central, tendo em cada divisão uma estátua sedestre, isolada do eixo, sendo duas cariátides e dois atlantes, sustentando cada uma dessas figuras uma taça, formando no conjunto quatro conjugadas: junto às estátuas, pequenos zéfiros com moluscos nas mãos, formando o grupo com os deuses das águas.

Nos intervalos das estátuas, uma bacia em quarto de círculo, com pias, recebe o líquido que vem do eixo central. Das bacias conjugadas, transborda a água para a inferior e, do seu centro, um outro corpo octogonal, tendo quatro volutas em forma de consolo terminadas por carrancas de tritões de longas barbas e coroado de vegetação marinha; serve de base ao grupo de quatro estátuas sedestres de meninos, representando a América, Europa, Ásia e África, que sustentam com as suas delicadas mãos uma taça que por sua vez recebe um motivo ornamental, terminado como repuxo e de que esguicha a água que, caindo na primeira taça, transborda para a segunda e, por sua vez, passa à terceira e daí à bacia de pedra, produzindo verdadeira cascata de extraordinário efeito.

O movimento das águas é produzido por uma bomba hidráulica, que em moto-contínuo faz circular o líquido sem perda do mesmo; à noite, funciona a iluminação, passando a ser fonte luminosa, somente nos dias feriados; deve-se este trabalho à Diretoria de Matas e Jardins da administração Prado Junior.

Chafariz Monumental da Praça Quinze de Novembro
Chafariz Monumental da Praça Quinze de Novembro

O prefeito Passos colocou, nos socos de pedra da escadaria, golfinhos de bronze, o que de forma alguma ia com o conjunto; mas, em começo de 1924, foram retirados inteligentemente pelo dr. A. Baptista Ramos Bittencourt, engenheiro chefe do 6º distrito da repartição das Águas e Esgotos, e instalados no “Açude do Morro do Inglês” (Águas Férreas) onde se acham. Na administração Prado Júnior foram colocados quatro grupos em mármore nos socos onde estiveram os golfinhos; estes grupos de mármore, reunidos 3 a 3, não são nada mais, nada menos, que cópias dos executados por Van Cléve, Lespingola, Poutier e Gros, sob a fiscalização e direção de Girardon, no “Parterre d’eau, bassin du Midi”, do jardim de Versailles. Mas, santo Deus! estas horríveis cópias desmoralizam os artistas franceses, por serem de fancaria, as quais foram adquiridas pela Prefeitura ao senhor Guinle!

A Prefeitura, em 1928, requisitou ao Ministério da Viação os chafarizes da praça 11 de Junho, do Largo do Paço e o de ferro da praça 15 de Novembro, que faziam parte do Patrimônio Nacional para o Municipal. Depois de muita relutância, fez-se a transferência, mas lavrou-se o seguinte termo: “De não serem removidos, nem modificados em sua arquitetura por serem considerados relíquias da cidade”. Tudo isso devido ao zelo e carinho com que o engenheiro chefe do 6º distrito da repartição de Águas e Esgotos, dispensa às coisas históricas que estão a sua guarda.

Fonte

  • Corrêa, Armando Magalhães. Terra Carioca - Fontes e Chafarizes. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1939. 214 p. Ed. do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. (Reimpressão feita pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Coleção Memória do Rio, vol. 4).

Mapa - Jardim do Monroe - Praça Mahatma Gandhi