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Arcos da Carioca, por Noronha Santos

Arcos da Lapa vistos de Santa Teresa
Arcos da Lapa vistos de Santa Teresa

ARCOS DA CARIOCA – Desde a governança de Martim Correa de Sá (1602-1608), fora sugerida a organização de um serviço de abastecimento de água à cidade, cogitando-se do lançamento de uma finta para trazer as águas do Rio Carioca até o Campo de Nossa Senhora da Ajuda. Dificuldades de toda espécie, impediram, no entanto, que se executasse o grande melhoramento, com a necessária presteza. Antes, porém, da carta régia de 6 de maio de 1672, autorizando a aplicação dos dinheiros arrecadados por conta do subsídio pequeno dos vinhos, em favor daquele melhoramento, já a correição do ouvidor Sebastião Cardoso de Sampaio, de 26 de maio de 1663, aludira em seu provimento ao prosseguimento das obras, que estavam continuadas.

Em princípios do século XVIII atingiu afinal a canalização ao local da Ermida de Nossa Senhora da Ajuda. Sucedendo no governo da Capitania a Antônio de Brito e Menezes (1717-19), Aires de Saldanha e Albuquerque Coutinho Matos e Noronha (1719-25), iniciou a construção dos Arcos da Carioca, em direção ao Morro de Santo Antônio. Em carta de 16 de novembro de 1722 endereçada à metrópole, dizia Saldanha que a obra já estava tão adiantada que dentro de dois meses ficará junto ao muro da cidade.

Em 1723 ficou concluída a primitiva Fonte da Carioca, gravando-se numa das arcadas esta inscrição:

Sendo governador Aires de Saldanha
se fez sob sua direção esta obra
principiou em 1719
e foi concluída em 1723

Em pouco tempo ficaram arruinados os encanamentos, em consequência da falta de conservação, além de atos de vandalismo praticados por moradores e escravos, que destruíram as obras realizadas. Autorizado pela carta régia de 28 de abril de 1744, Gomes Freire de Andrade tratou de reconstruir o aqueduto, dando-lhe melhor direção e ligando-o ao Morro de Santo Antônio por uma dupla arcaria de pedra e cal, com 42 arcos. Este importante melhoramento, executou-o em grande parte o engenheiro José Fernandes Pinto Alpoim.

Reparados os arcos em 1774, no vice-reinado do Marquês de Lavradio, e em 1779, no início do governo de Luís de Vasconcelos, cuidaram, nesses anos, de reforçar o suprimento do Carioca, com outras correntes de água – trabalho que se estendeu à gestão administrativa do Conde de Resende e teve grande aumento durante a permanência da família real nesta cidade.

Em 1817, sendo por demais insuficientes as águas do Carioca para o abastecimento do povo, foram alvitrados novos planos, encaminhando-se as águas do Rio Maracanã até o Campo de Sant’Ana – onde se inaugurou a 13 de maio do ano seguinte o primeiro chafariz dessa canalização.

No 4.º número da Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional damos desenvolvida notícia histórica sobre o aqueduto da Carioca – de seus primórdios no século XVII até 1926. Abrange esse estudo pormenores relativos aos dois chafarizes – o que foi demolido em 1829 e o que desapareceu na administração do prefeito Dr. Alaor Prata Soares.

Fonte

  • Anotação de Noronha Santos na introdução do livro Memórias para Servir à História do Reino do Brasil

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Mapa - Arcos da Lapa, antigo Aqueduto da Carioca