Teresópolis, por Alfredo d’Escragnolle Taunay

Teresópolis está a dois passos do Rio e, entretanto, ninguém a conhece.
Uns sabem muito pela rama, que é um lugar frio, de águas puríssimas, montanhas alcantiladas e subidas escabrosas; outros mais indagadores perguntarão de que lado fica, a que distrito eleitoral pertence, quantos votantes tem o colégio, quais as influências do lugar, quais os meios de lá chegar, mas, afinal, poucos, raríssimos, se abalançarão a ir gozar de um dos mais belos locais próximos à Corte.
Há dez dias, passeava eu pela Rua do Ouvidor sem ter nada que fazer, como quase todos que por lá transitam, quando me surgiu uma ideia.
– Porque não hei de eu ir a Teresópolis? Tenho diante de mim alguns dias livres; preciso respirar ares mais oxigenados do que os que nos dá a Câmara Municipal; tenho prática de viagens e quero fugir da campainha dos bondes.
Quem no Rio de Janeiro não é mais ou menos phtysico[1]? A qualquer momento, a saúde, aparentemente mais florescente, precisa de um passeio às montanhas. Petrópolis é muito corriqueiro; Friburgo longe demais; exploremos Teresópolis.
Nesse trabalho íntimo sentei-me a uma das mesas do Castelões. Mandei vir um prato de doces, que mal toquei.
Estava preocupado, quase inquieto.
Dentro de meu cérebro lutavam duas forças contrárias.
Renovavam-se nele as cenas de Dom Quixote com Sancho Pança.
Quem não leu o admirável romance do imortal Miguel de Cervantes Saavedra? Eu o li duas vezes; uma em francês; a outra, seguindo o conselho de Luiz XIV a um seu cortesão, em espanhol, num exemplar, ornado de figuras e achado em Piribebuy[2] por ocasião de umas pesquisas que quase pareciam um saque.
Luiz Viardot diz com razão que aquela imensa e engenhosa comédia tem um grande fundo filosófico.
Dom Quixote representa o espírito de audácia, a inteligência, o cavalheirismo, a nobreza de sentimentos, um tanto tresloucada que quase todos possuem, Sancho Pança é o bom senso brutal, inabalável em seus raciocínios e sempre mais chegado à verdade do que o juízo irrefletido ou, a iniciativa dos primeiros impulsos.
Entre o bom senso e a inteligência as lutas são constantes, impelido que é o corpo, a matéria, por uma dessas forças, precipita-se, mas é retido à borda do abismo iminente pela outra.
Pois bem; o meu lado quixotesco bradava alto:
“Vai, contemplarás serras altaneiras e dominarás paisagens imensas; terás a teus pés esta capital; dormirás ao ruído das catadupas, alquebrado de cansaço, é verdade, mas satisfeito por teres executado a tua vontade.”
O meu Sancho de dentro ponderava:
– “Sim! Cai nessa. Aturarás uma barca ronceira, talvez caminhos péssimos e tudo isso para voltares daqui a três ou quatro dias, quem sabe se, com algum osso quebrado ou deslocado, por causa dos buracos da estrada. Vai. Depois não te queixes.”
– “Contemplarás de longe, de muito longe o mar, insinuava a imaginação.”
– “Aturarás muita pulga nos hotéis e a despesa do passadio não há de ser pequena”, murmurava o positivismo.
Nessa perplexidade levantei-me.
Desci novamente a rua do Ouvidor, e esbarrei com um amigo meu, não íntimo, porém familiar; desses amigos que nos pedem de vez em quando emprestados 10$000, e pagam-nos o bilhete do bonde com certos ares de proteção.
– “Vamos a Teresópolis? propus-lhe eu.”
– “A Teresópolis! bradou ele. Qual! Tenho Cassiano, e se eu faltasse a essa partida, notariam muito a minha ausência.”
O coitado é um insignificante empregado no comércio.
– “Então não queres ir?” insisti.
– “Nunca!”
Essa inflexibilidade resolveu-me.
– Decididamente, pensei com os meus botões, o Soares fora um importuno, mais do que um companheiro. Fez bem em recusar. Irei só, só, isto é: com uma maleta de roupa e, talvez, um pajem.
Não esquecerei o meu chapéu de sol.
No dia seguinte achei-me, à hora e meia da tarde, no cais da praia do Peixe, cujo verdadeiro nome – praia do Lixo – tem sido oculto pela honrada municipalidade.
Havia ressaca: vagas algum tanto cavadas, vinham da barra, e batiam de encontro ao cais, desfazendo-se em espadanas.
A barca balançava. estremecia, e a prancha tomava inclinações temerosas com grave susto de umas senhoras que queriam transpô-la.
Às 2 horas partimo-nos, como dizem Camões e os quinhentistas.
A sociedade era numerosa e a maior parte dela ia para Paquetá sem consciência de que demandava a ilha mais pitoresca de nossa baía, pelo menos as fisionomias nada indicavam. Nenhum tipo artístico. Uns com narizes compridos, outros curtos e chatos.
É espantosa a variedade que o Criador construiu sempre com os mesmos elementos: dois olhos, uma testa, um nariz, uma boca, um queixo; barbas ou não; muito cabelo ou nenhum.
Dois passageiros, porém, começaram a discutir política. Ambos eram liberais e, portanto, os conservadores pagavam as custas daquela harmonia de opiniões. Mas adiante ficava um homem irascível, cujos olhares furibundos denunciavam um credo político diverso. Decididamente, aquele não rezava pela mesma cartilha. Importa pouco. Desceram todos juntos em Paquetá e talvez juntos votem na mesma chapa eleitoral.
A barca, depois de sábias evoluções, deixara contudo a ponte de Paquetá e aproara para a da Piedade em mar calmo como um lago. De todos os lados as vistas prendem-se embelezadas.
Aqui, ali, adiante, perto, muito longe, pedras escalvadas, ilhas garridas, coqueirais a mirarem-se nas águas, o céu a namorar o mar.
Às 4 horas e meia chegou-se ao porto da Piedade. Corri a buscar os carros que deviam levar-me à Magé e depois à Barreira, pois havia gente demais e alguns podiam ficar sem lugares, como aconteceu.
Meia hora depois entrei em Magé. Coitada! Decadente, tristonha, furiosa contra a estrada de Pedro II, que lhe tomou as tropas de café, deixa-se no acesso de raiva, cair em ruínas.
Aqui se para, e, o que é pior, paga-se. Seis mil réis é a passagem até a raiz da Serra.
Depois de alguma demora, atrelam-se novos animais e o carro torna a partir. Caminho areento, estrada que podia ser pior, casinhas e choças abandonadas, paisagem árida, eis o que se vê de um lado e do outro.
No fim da viagem começa-se a subir muito: a temperatura baixa de um modo agradável; ouvem-se os ruídos das quedas de água, mas nada se pode lobrigar porque é noite e noite escura.
Às 9 horas cheguei à Barreira e aboletei-me numa manhosa hospedaria. Ofereceram-me o que comer: aceitei e arrependi-me, por isso que só às 11 horas, quando eu já dormia, é que me apresentaram uma carne renitente aos dentes e três ovos arrancados de uma incubação bastante adiantada.
Praguejando, contra mim mesmo, por me não ter munido de umas empadinhas e croquetes como um sujeito alto e pouco comunicativo que engoliu a sua matalotagem, sem oferecer migalha a ninguém, voltei à cama.
O colchão é duro, mas os lençóis podem passar por limpos; entretanto acredito que um sibarita franzisse o sobrolho antes de entregar o corpo à posição horizontal.
Felizmente pertenço à escola estoica: por isso peguei do sono com a consciência tranquila de que não ofendia a princípios de profissão filosófica.
Às 2 horas da madrugada acordei sobressaltado por grande barulho. Eram os passageiros que deviam descer no carro, a tomar a barca das 6 horas da manhã. O movimento durou três quartos de hora de relógio em punho.
Enfim tudo se aquietou novamente, e a aurora me achou inda deitado.
Quando o sol ia alto, ergui-me de um só pulo e corri a contemplar a bela natureza que ali se ostenta.
Borbulhante cascata despenha-se de um alto, serpeia, desaparece, surge aqui, acolá se esconde entre pedras lisas, arredondadas, umas grandes, destacadas, outras miudinhas formando montes.
Por todos os lados alterosos alcantis; florestas virgens.
Uma venda espaçosa, duas casas baixas à direita da estrada e um portão na cabeça de uma ponte: eis a Barreira.
A cavalo!
A ascensão começa.
Quantas maravilhas! Os morros altos há pouco, acanham-se submissos: nivelam-se comigo; a vista se alarga; escala admirada os píncaros dos Órgãos; contempla os “Canudos”, o “Garrafão”, o “Dedo de Deus”, o “Frade” ou descansa sobre dossel imenso de majestosa verdura.
De quando em quando rompe a uniformidade a prateada folhagem de imbaúba que parece suspender em longos caules de prata maciça.
Assim vai-se subindo rodeado de esplendores. A estrada, que é larga e mantida com cuidado, tem curvas elegantes, mas declives fortes.
Com meia légua de subida chega-se ao “Garrafão”, pouso pitoresco de onde começa a porção mais aborrecida da viagem, por isso que o caminho é todo calçado de grandes matacões que as ferraduras dos animais riscam, produzindo um som desagradável.
O viajante, sobretudo na descida, precisa atender mais para o seu cavalo do que para as perspectivas e com verdade a cada instante convém lembrar-se disso, pois que a magia delas é capaz de prender a mais distraída atenção.
Numa aberta, descortina-se um panorama gigantesco.
Muito, muito ao longe, o Rio de Janeiro como um pontinho branco, a baía como um lago, o Oceano como uma linha comprida que vai até Cabo Frio: por qualquer lado que se olhe: serras, cumes, árvores, socavões, precipícios.
Aquilo é grandioso!
Mas cuidado com o defluxo. Espirrei! É a boca da serra e daí vem sempre vento encanado. Um último olhar à Guanabara, e subamos.
Já aparece uma casinha. Teresópolis não pode estar longe.
Um inglês conta que, viajando no norte do México, perdera-se no deserto de Sonora e nele vagara dois ou três dias sem rumo nem esperanças de encontrá-lo.
Baldo de forças, caminhava ele já desalentado, quando de repente viu, ao longe, um sinal incontestável de que por ali havia alguma povoação e povoação civilizada.
Era uma forca e um homem pendurado nela! Teresópolis anuncia-se de maneira muito menos conforme à civilização, no entender do bretão, mas incomparavelmente mais normal à vida sossegada que, para todos, corre no alto daquelas montanhas. O prenúncio de povoado é uma casinha modesta a alvejar por entre mataria negrejante de tão verde que é.
Depois acompanha-se uma bela curva da estrada; passa-se em boa ponte uma corrente violenta que vai, de precipício em precipício, buscar a várzea e toma-se uma direção, quase, reta seguindo uma espécie de rua larga, mais caminho do que rua, de um lado e do outro, do qual se acham casas e edifícios, juntinhos uns dos outros, ora separados.
Atinge-se, então, a chapada de Teresópolis, planície elevada uns 1.500 metros acima do mar e toda ela cercada de píncaros, de uma conformação especial, cujo aspecto panorâmico constitui perspectiva encantadora.
Se voltardes a cabeça, vereis a cavaleiro o “Garrafão”, o “Frade”, há pouco defronte ou ao lado de vós, agora já às vossas costas. Enfileirados com esses, erguem-se outras pontas agudas, arredondadas, farpadas que semelham construções góticas de algum gênio caprichoso. Defronte de vós, azulando e como que em linha contínua contemplareis três picos elevadíssimos que se avantajam de um modo original a todo um maciço de montanhas ligadas umas às outras.
Quando a tarde descamba serena e que no céu rutilam as cores de um saudoso crepúsculo, não há espetáculo como admirar aquele fundo de quadro, aqueles picos a mudarem de cor, faiscando como barras de ouro ao fogo, virando em agulhas braseadas ou desmaiando em roxas, para, enfim, com a chegada da noite transformarem-se em negros píncaros.
Ficar extasiado diante dessas cenas era o emprego de todas as minhas tardes durante os dias que pude desfrutá-las.
Quando se sobe de manhã, o sol impede demorados êxtases, mas, então, o seu brilho serve para avivar fios compridos de linfa que, fio de prata derretida vem deslizando pelo dorso das penedias, lágrimas modestíssimas que nascem no recôndito das florestas reunindo-se para formarem algum caudal barulhento e orgulhoso.
Uma das primeiras casas de Teresópolis, pertence a um fazendeiro chamado Louzada, homem rico e algo excêntrico.
Depois dela vão aparecendo outras do médico da localidade, do boticário, etc., e, afinal, num vasto edifício, apropriado a crescido número de alunos, o Liceu Conde d’Eu, onde algumas dezenas de meninos recebem educação intelectual, ao passo que aqueles vivificantes ares lhes robustecem a saúde.
Compreende-se que aí seja possível o estudo: no sossego ambiente; na falta de distrações externas, encontra o educando elementos para um trabalho necessário a que o instiga, não a enervante temperatura da Corte, mas a frialdade da atmosfera e o consequente desejo de ação.
Esta reflexão faz surgir outras de ordem superior e que suscitam a lembrança de poder um dia esta localidade vir a ser assento da capital do império.
Quanto não lucrariam com efeito os negócios públicos se a temperatura de Teresópolis influísse sobre eles num sentido geral de atividade?
Com o sistema de concentração que, talvez, seja uma causa de grandeza para o Brasil, bem que pensadores sérios vejam nela só fontes de atraso, a lentidão, eminentemente prejudicial no andamento de ordens e decisões, é, no entretanto, mal indeclinável nos lugares em que, como no Rio de Janeiro, a elevação da temperatura predispõe ao vagar, quando não ao descanso completo, ao embalar da rede e até ao sono profundo.
Transportada a cabeça do império para aquele fortificante clima, abrir-se-iam estradas monumentais para ligar Teresópolis ao litoral, romper-se-iam, por todos os lados, as florestas, as obras de arte de toda a sorte tornariam a subida da serra uma maravilha; movimento imenso de vapores sulcaria a baía, jardins deliciosos, palácios riquíssimos se ergueriam em todos esses pontos em que só dominam, por ora, a tristeza e o abandono; a cidade política a dois passos da comercial…
Sonhos que, talvez, nunca se realizem! ceda o passo à realidade: Teresópolis é linda. Teresópolis merece tudo, mas nada atavia a sua beleza, nenhuma comodidade é proporcionada ainda àquele que quiser de perto apreciar os seus múltiplos encantos.
Sem outras considerações, sigamos além, deixando à vontade da cavalgadura apressar ou demorar o passo.
Depois de um intervalo sem casas, aparece um seguimento de povoado. Aí estão a igrejinha e o núcleo mais importante de Teresópolis. As construções são singelas e como comuns a lugares de tão esplêndida natureza.
As perspectivas, como sempre variadas, trazem logo o desejo de longínquos passeios a cavalo para avistá-las debaixo de novos aspectos.
De chegada ao hotel, senti um apetite violento.
Entregue desde muito ao desgosto de uma dispepsia que tem resistido a todas as pepsinas e carvões de Belloc ou às famigeradas pastilhas de Patterson, pasmei de tal novidade e mais pasmado fiquei depois de ter ingerido, com facilidade e prazer, comidas pesadas e cujo aspecto único ter-me-iam aterrado na minha vida de cidade.
Abençoadas águas! Abençoadas brisas das montanhas, de novo me destes, ainda que por pouco tempo, o meu estômago dos 18 anos, esse estômago modelo, muito chegado ao de uma avestruz capaz de devorar ferros velhos, cabos de faca, peça de aço e colheres de prata!
Oh! se o tal hotel não fosse tão estafado de munições! Se o pão fosse menos negro, se a carne se apresentasse menos escassamente!
Também quem agasalha não pode, sem concorrência, dar jantares de Lúculo: o dono do hotel recebe poucos visitantes e a muito custo procura ir sustentando a sua casa.
Outrora Teresópolis todo pertencia a um rico fazendeiro alemão ou de origem alemã, pois se chamava Maersch, que se via tão visitado que os deveres de hospitalidade a que o forçaram tornaram-se penosos e altamente dispendiosos.
Esse homem imaginou, então, um meio excelente, para continuar fruir as delícias da sociedade numerosa naquelas brenhas e, ao mesmo tempo, livrar-se de despesas extraordinárias e todos os anos crescentes por modo assustador.
Transformou a sua casa em uma espécie de hotel, mas hotel aristocrático em que o hóspede só sabia que gastara do seu dinheiro quando um mordomo, nunca o anfitrião, apresentava-lhe, como carta de despedida, a conta de todos os seus passeios a cavalo, do seu passadio, banhos, etc.
O expediente a princípio arredou as visitas, mas pouco a pouco voltaram elas; passou a coisa em julgado; Maersch continuou com o seu tipo de “grand seigneur”: nunca falava em pagamento; ali só havia distrações, obséquios, amabilidade; agradecia-se com efusão a franqueza, a liberalidade do dono da casa, mas à porta o implacável mordomo esperava de conta em punho, a quem se declarava farto de Teresópolis e disposto a voltar para a Corte.
Oxalá vivesse ainda esse homem ou alguém continuasse com sistema tão delicado e próprio para a gente de boa educação!
Quanto não diferia essa vida de atenções recíprocas da de um hotel em que o dinheiro pode tudo, em que por ele julgam-se os malcriados com direito a se portarem conforme a sua índole e seus caprichos!
Depois de instalado em Teresópolis, passei os dias em passeios, ora à mata virgem para contemplar orquídeas e bromélias, ora a cavalo pelos arredores da povoação, visitando pontos em que sempre achei alguma coisa que admirar.
De todos eles o que mais me agradou foi a fazenda do coronel Escragnolle que, infelizmente, naquela ocasião, achava-se na Corte, pois com vagar teria eu desejado percorrer a sua linda propriedade, mudada, por seus cuidados, em verdadeiro parque inglês.
É projeto adiado.
Depois de oito dias de estada em Teresópolis, paguei minha conta do hotel, que achei muito moderada; disse adeus a todos aqueles picos e montanhas; desci com a tarde a serra; parei na Barreira; de madrugada meti-me num dos carros da Piedade; vim nele cochilando e batendo com a cabeça, ora no ombro de um vizinho, ora contra o acolchoado do carro; parei em Magé; tomei uma xícara de café péssimo na Piedade; entrei na barca e depois de duas horas e meia de viagem saltei no cais da praia do Peixe.
Estava cumprido o meu desejo: acabava de chegar de Teresópolis, um tanto moído e fatigado, mas com intenção firme, decidida de lá voltar, apenas tivesse ocasião.
A poucos passos do cais, encontrei-me com o Soares, e não pude deixar de notar a sua palidez, as grandes olheiras que lhe cercavam sinistramente os olhos, o seu “fácies” quase mórbido.
– Que tens? lhe perguntei. Acho-te mudado.
– Meu amigo, respondeu-me ele, tenho me divertido como um perdido. Há três noites que não durmo e ontem no Cassino dancei desencadernadamente. Mas tu também estás mudado. Onde foste buscar estas cores, este ar de saúde que nunca tens?
– Soares, fui a Teresópolis.
Leitores, ide a Teresópolis, todo o incômodo, que tiverdes em viagem, ficará amplamente compensado.
Notas
- ↑ Phtysica – palavra em desuso que designa tuberculose avançada. Fonte: Dicionário Informal.
- ↑ Piribebuy, a capital mártir: história, historiografia e ideologia na Guerra no Paraguai.
Fonte
- Taunay, Alfredo d’Escragnolle. Viagens de Outrora. 2ª ed. São Paulo: Companhia Melhoramentos de São Paulo, 1921. 164 p.
Veja também
Mapa - Teresópolis