/ Rio Antigo / Prefeito …

Prefeito Francisco Pereira Passos, por Charles Julius Dunlop

Prefeito Francisco Pereira Passos. Acervo digital da Biblioteca Nacional.
Prefeito Francisco Pereira Passos. Acervo digital da Biblioteca Nacional.

Às 8 HORAS da manhã do dia 15 de novembro de 1906 – véspera da transmissão do Governo Municipal para o novo Prefeito, General Francisco Marcelino de Sousa Aguiar – o Dr. Francisco Pereira Passos teve a satisfação de assistir ao lançamento da pedra fundamental do seu monumento, a ser erigido na Praia de Botafogo.

Francisco Pereira Passos, por Eliseu Visconti
Francisco Pereira Passos, por Eliseu Visconti

Foi simples a cerimônia. Discursou o Dr. Cordeiro da Graça, agradecendo, em seguida, o Dr. Passos. Finda a oração, ofereceram a S. Exa. uma medalha de ouro (vide fotografia), lavrando-se, logo após, uma ata que foi por ele assinada e por todas as pessoas presentes à solenidade.

Contou-nos o saudoso fotógrafo Augusto Malta que o Dr. Pereira Passos, no momento em que assinava a ata, segredou-lhe ter a certeza de que não viveria para assistir à inauguração do monumento. E foi o que aconteceu: somente em 1916, três anos após a sua morte, é que foi erguido o busto em bronze que ainda hoje se encontra na Praia de Botafogo Praça Pio X, no Centro da Cidade, oferecido à Municipalidade pelo Comendador Antônio Ribeiro Seabra.

Nunca o Rio de Janeiro teve administrador igual. Folheiem-se as crônicas, manuseie-se a História, revolvam se os arquivos, interroguem-se as tradições e não se encontrará memória de uma autoridade que fizesse por esta Capital o que fez o Grande Prefeito.

Eis algumas de suas realizações: edificou o Teatro Municipal; alargou as ruas Treze de Maio, Uruguaiana, Assembleia, Carioca, Visconde de Inhaúma, Conselheiro Saraiva, Hospício (atual Buenos Aires) entre Primeiro de Março e Candelária, Acre, Camerino, Frei Caneca, Santana e Estácio de Sá; prolongou e alargou as ruas do Sacramento (hoje Avenida Passos), Marechal Floriano e a Travessa de São Francisco (atual Rua Ramalho Ortigão); abriu as novas avenidas Mem de Sá, Salvador de Sá e Gomes Freire; traçou e executou a Avenida Beira-Mar, desde o Passeio Público até Botafogo, aí levantando os pavilhões Mourisco e de Regatas (já demolidos); construiu o cais da Praia da Lapa; iniciou o aterro, lastro e construção da Avenida Atlântica; começou o alargamento gradual de mais de trinta ruas; ajardinou a Praça Quinze de Novembro, dotando-a de um coreto; demoliu o velho Mercado da Glória e ajardinou a praça; ajardinou também o Largo de São Salvador, a Praia de Botafogo e o Alto da Boavista, na Tijuca; ampliou o antigo edifício da Prefeitura Municipal (demolido para abertura da Avenida Presidente Vargas); construiu o Mercado Novo (também já demolido); reformou diversos próprios municipais; nivelou e introduziu calçamento aperfeiçoado em inúmeras ruas da cidade; abobadou o Rio Carioca, asfaltando a superfície, o que deu largura e beleza às ruas Conde de Baependi e Barão do Flamengo; construiu um Aquário no Passeio Público; fez retirar os gradis de ferro dos jardins públicos e da frente das igrejas; embelezou o paredão da Glória com o gradil tirado do jardim da Praça Tiradentes e colocou um relógio elétrico no extremo sul do paredão; reformou o Matadouro de Santa Cruz; aperfeiçoou as estradas da Gávea e Jacarepaguá; beneficiou Santa Cruz, Campo Grande, Guaratiba, Irajá, Inhaúma, ilhas do Governador e Paquetá; tornou visitáveis as Furnas de Agassis; construiu os prédios das escolas “Tiradentes”, “Rodrigues Alves”, “Prudente de Morais” e muitos outros; fundou o Laboratório de Análises e o Serviço Médico de pronto socorro; obrigou as companhias de bondes a adotarem trilhos de fenda e a Cia Ferro-Carril do Jardim Botânico a abrir o Túnel do Leme; pôs fim ao grosseiro folguedo do entrudo no Carnaval; instituiu a “Batalha de Flores”; proibiu a criação de porcos na cidade e a saída de vacas à rua para o comércio do leite etc. etc.

Para fazer da antiga cidade colonial uma capital moderna foram precisas a atividade e a energia de um septuagenário!

Fonte

  • Dunlop, Charles Julius. Rio Antigo. 3ª Tiragem ed. Rio de Janeiro: Editora Rio Antigo, 1963. (Composto e impresso na Gráfica Laemmert, Ltda.).

Veja também

Mapa - Monumento ao Prefeito Francisco Pereira Passos na Praça Pio X