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Copacabana no Começo do Século (XX), por Charles Julius Dunlop

Copacabana no Começo do Século XX. Acervo digital da Biblioteca Nacional.
Copacabana no Começo do Século XX. Acervo digital da Biblioteca Nacional.

NO COMEÇO deste século (XX), a Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico, com o fim de atrair passageiros para o novo “arrabalde” de Copacabana, afixava à porta de suas estações grandes tabuletas, em que se liam anúncios como este:

Copacabana, 3-Out-1921, via
Copacabana, 3-Out-1921, via Library of Congress

“Quereis gozar de boa saúde? Ide a Copacabana. Bondes em quantidade”.

Ou então:

“Passeio agradável e refrigerante: Copacabana. Bondes até às 2 horas da manhã”.

Chovesse ou não chovesse, fizesse calor ou não, o cartaz assegurava:

“O luar é encantador, sendo as noites muito frescas, graças aos ares do alto mar”.

Havia, também, a propaganda impressa no verso dos cupons das passagens, que o carioca folgazão apelidara de “Conselhos de Higiene Poética”. Eis alguns desses versos pitorescos:

“Graciosas senhoritas, moços chiques:
Fugi das ruas, da poeira insana.
Não há lugares para piqueniques,
Como em Copa-ca-ba-na”.

“Noivos que o céu gozais em pleno juízo,
Almas que a mágoa nem de leve empana,
Quereis de vossas noivas no sorriso
Ler a maior felicidade humana?
Prometei-lhes morar num paraíso
Róseo – em Copacabana”.

“Viveis do sonho? Ide enlevar em cismas
A alma que em vossos corações se aninha;
Vereis a vida por estranhos prismas
Sobre os rochedos pardos da Igrejinha”.

“Ide a Copacabana
Espairecer sobre as areias lisas.
Ali, esquecereis da vida humana
O fel travoso, que rebaixa e dana,
Ao perpassar das salitradas brisas”.

“Ó pais que tendes filhos enfezados,
Frágeis, macilentos e nervosos,
Afastai-os da manga e da banana.
À beira-mar; Aos ares salitrados!
E eis de vê-los rosados e viçosos.
Para Copacabana!”.

Aquela “banana” como rima de “Copacabana” era de primeiríssima ordem. E todos indagavam quem era o “Poeta Desconhecido” que escrevia os versos dos cupons…

A fotografia destacada mostra Copacabana daqueles bons tempos, vendo-se, à direita, na esquina da Rua da Igrejinha (atual Francisco Otaviano) o restaurante-bar Mère Louise, de má reputação, que lembrava, exteriormente, um cabaré de filme do “far-west”. No local, ergue-se hoje o estúdio da TV-Rio Hotel Sofitel Rio de Janeiro Copacabana. A segunda fotografia, da coleção de fotografias da Cruz Vermelha Nacional Americana (Biblioteca do Congresso), mostra Copacabana em 1921.

Fonte

  • Dunlop, Charles Julius. Rio Antigo. 3ª Tiragem ed. Rio de Janeiro: Editora Rio Antigo, 1963. (Composto e impresso na Gráfica Laemmert, Ltda.).

Mapa - Bairro de Copacabana

Fonte: Instituto Pereira Passos - DATA.RIO - Limites de Bairros