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Construção do Teatro Municipal, por Charles Julius Dunlop

Construção do Teatro Municipal
Construção do Teatro Municipal

No ano de 1903 que o Prefeito Dr. Francisco Pereira Passos resolveu dotar a Capital da República de um grande e luxuoso teatro. A princípio, pensou em remodelar o antigo São Pedro d’Alcântara (onde é hoje o João Caetano); mas o Banco do Brasil, proprietário do imóvel, não chegou a acordo possível com a Prefeitura. Ficou, então, resolvida a construção do Teatro Municipal.

Por Edital de 19 de março de 1904, foi aberta concorrência pública para apresentação dos projetos. O edifício deveria ter a sua fachada principal voltada para a praça Ferreira Viana (antigo largo da Mãe do Bispo, atual praça Floriano), comportando uma lotação de 1.400 espectadores, no mínimo, dos quais 400 nas galerias; o estilo arquitetônico e a decoração artística da grande casa de espetáculos ficariam à livre escolha do arquiteto, não sendo, porém, admitidas cópias de edifícios congêneres no país ou no estrangeiro; a orquestra para 60 músicos seria instalada em plano inferior ao da plateia, de modo que os músicos, durante a representação, ficassem invisíveis aos espectadores, como no Teatro Bayreuth, na Alemanha, construído para a representação das óperas de Wagner; a boca de cena teria a largura de 12 a 14 metros; a iluminação do teatro, e a força motriz para todos os mecanismos, seriam elétricas, etc.

Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Por ocasião do encerramento do prazo para apresentação das propostas – 28 de julho – verificou-se terem sido recebidos sete projetos, dois dos quais obtiveram o primeiro lugar: eram os denominados “Áquila” e “Izadora”. O primeiro pseudônimo ocultava o nome do engenheiro-civil Francisco de Oliveira Passos (filho do grande Prefeito), e o segundo, do arquiteto francês A. Guilbert. Os dois prêmios prometidos (10:000$ e 6:000$) foram, então, somados e divididos entre estes dois primeiros colocados.

O projeto “Áquila”, após ligeiras modificações em que também colaborou o arquiteto Guilbert, foi adotado definitivamente para a construção.

O início das obras deu-se a 2 de janeiro de 1905, com o fincamento da primeira estaca. Pouco depois, tinham sido batidas mais de mil dessas estacas, destinadas a dar solidez ao alicerces. Eram de madeira de lei (maçaranduba, graúna, óleo vermelho, sapucaia, ipê tabaco e angelim pedra), penetrando quase 9 metros no solo, por meio de um bate-estacas de 30 toneladas.

Durante o primeiro ano, trabalhou-se ativamente com duas turmas de operários, dia e noite, de forma que, passados apenas cinco meses, estavam concluídas as fundações, tendo lugar, a 20 de maio do mesmo ano, a colocação da pedra angular, na esquina da avenida Rio Branco com o beco Manuel de Carvalho.

No segundo ano (já tendo deixado a Prefeitura o Dr. Francisco Pereira Passos), teve início o assentamento da cobertura do edifício.

Finalmente, no dia 14 de julho de 1909, decorridos 54 meses do início das obras, foi solenemente inaugurado o Teatro Municipal, completamente pronto e acabado. Era então Presidente da República o Dr. Nilo Peçanha, e Prefeito do Distrito Federal o Dr. Inocêncio Serzedelo Correia.

Incluído o preço de aquisição dos terrenos, a usina geradora de energia elétrica, despesas com a decoração interna, mobiliário, etc., custou a colossal obra 10.856:000$000.

A escadaria externa do edifício é de granito nacional; a colunata, de mármore italiano e belga; os vitrais das janelas, alemães; e os portões de bronze, de fundição nacional. Ornamentam o entablamento do corpo principal seis símbolos esculturados pelo Professor Bernardelli: a Música, a Poesia, a Dança, a Comédia, a Tragédia e o Canto. Encima o edifício uma águia de cobre dourado, medindo 6 metros de ponta a ponta das asas abertas.

Arquitetonicamente inspirado no Renascimento Francês, é o Teatro Municipal um dos mais suntuosos edifícios do Rio de Janeiro.

A fotografia destacada é de agosto de 1907. O prédio em estilo gótico, que se vê no canto à esquerda, é o antigo Conselho Municipal e, mais ao fundo, a igreja dos ingleses (“Christ Church”), hoje localizada na rua Real Grandeza. A segunda fotografia mostra o Teatro Municipal visto do Palácio Pedro Ernesto.

Fonte

  • Dunlop, Charles Julius. Rio Antigo. 3ª Tiragem ed. Rio de Janeiro: Editora Rio Antigo, 1963. (Composto e impresso na Gráfica Laemmert, Ltda.).

Mapa - Theatro Municipal do Rio de Janeiro