Arquivo Nacional, por Charles Julius Dunlop

O ANTIGO Arquivo Público foi fundado a 2 de janeiro de 1838, na regência de Araújo Lima, sendo Ministro do Império Bernardo Pereira de Vasconcelos. Funcionou, a princípio, na própria Secretaria do Império. Seu primeiro diretor foi o “zeloso arrecadador de preciosidades”, Ciro de Brito.
Em 1840, instalou-se em sede própria, na Rua da Guarda Velha (atual Treze de Maio); depois, em 1870, na Rua dos Ourives (trecho que hoje corresponde à Rua Rodrigo Silva), esquina da Rua da Assembleia, no casarão do antigo Recolhimento do Parto.
Em 1907, já denominado “Arquivo Nacional”, mudou-se para o edifício da Praça da República, onde esteve o Museu Real, de 1821 a 1902, e depois o “Fórum”.
Esse prédio, inteiramente reformado pelo arquiteto Rafael Rebecchi, segundo projeto do engenheiro Francisco Peixoto, foi solenemente inaugurado no dia 12 de novembro de 1906.
A cerimônia realizou-se às 10 horas da manhã, com a presença do Presidente da República, Dr. Francisco de Paula Rodrigues Alves, que ali chegou em companhia do Ministro da Justiça, Dr. Felix Gaspar de Barros Almeida.
Recebeu-os, ao som do Hino Nacional, o diretor do Arquivo, comendador Bethencourt da Silva, o engenheiro Francisco Peixoto, os intendentes Castro Barbosa, Bethencourt da Silva Filho e Eduardo Raboeira, diversos funcionários do Ministério da Justiça e outras pessoas gradas.

A seguir, os ilustres visitantes percorreram todas as dependências do edifício, achando-o magnificamente instalado para o fim a que se destinava.
No salão de honra foi, então, lida e assinada por todos os presentes a ata da inauguração.
Depois, em uma sala contígua, foi servida farta mesa de doces, tendo, ao champanhe, falado vários oradores, os quais, exaltando os importantes serviços prestados ao país pelo Dr. Rodrigues Alves, felicitaram-no por mais aquela obra do seu governo.
O Presidente da República agradeceu e, cerca das 11 horas, retirou-se em companhia do Dr. Felix Gaspar.
O edifício do Arquivo Nacional, que ainda hoje lá está na Praça da República n.º 26, compreende três corpos, sendo um central com três pavimentos e dois laterais com dois pavimentos cada um. A fachada é em estilo dórico romano, salientando-se na entrada principal um pórtico clássico.
“O nosso Arquivo – disse Pedro Calmon – está incluído entre as mais completas organizações no gênero que o Brasil possui. Ainda quando faltem documentos históricos em outros estabelecimentos onde se guardam relíquias do nosso passado, mesmo o mais remoto, há sempre o que recorrer nas coleções do Arquivo Nacional”.
A gravura mostra o antigo edifício do Arquivo, na Praça da República. A imagem destacada é uma gravura de P. G. Bertichem de 1856, que mostra a antiga sede do Museu Nacional no Campo da Aclamação, atual Praça da República, para onde o Arquivo Público Nacional foi transferido em 1907. A segunda imagem é uma fotografia que mostra a instalação atual do Arquivo Nacional, transferido em 2004, após um premiado processo de restauração, para um dos mais belos prédios construídos no século XIX, onde funcionou a Casa da Moeda de 1868 a 1983, situado na Praça da República n.º 173.
Fonte
- Dunlop, Charles Julius. Rio Antigo. 3ª Tiragem ed. Rio de Janeiro: Editora Rio Antigo, 1963. (Composto e impresso na Gráfica Laemmert, Ltda.).
Mapa - Arquivo Nacional