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Soneto V
A Nossa Senhora da Arrabida
Aqui, Senhora minha, onde soía Cantar na minha leve mocidade O muito que de vossa saudade Desejei d’accender nesta alma fria: Aqui torno outra vez, Virgem Mᴀʀɪᴀ, Desenganado já, mais de verdade, Pois me mostrou do mundo a falsidade, Que a lagrimas comprei quem me vendia. Conselham-me tão claros desenganos Que, comece de novo nova vida Nesta Serra deserta, alta, e fragosa; Mas são conselhos vãos, leves, humanos, Que vós nunca quisestes ser servida, Se não por puro amor, Virgem fermosa.
Fonte
- Cruz, Frei Agostinho da. Obras de Frei Agostinho da Cruz: Conforme a edição impressa de 1771 e os códices manuscritos das bibliotecas de Coimbra, Porto e Évora. Com prefácio e notas de Mendes dos Remédios. Coimbra: França Amado, 1918. 466 p. Subsídios para o estudo da História da Literatura Portuguesa XXI.