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Soneto IX

Á Cruz.

Em ti, suave Cruz, inda que dura 
Por ver sangue innocente derramado, 
Pregados pés, e mãos, aberto o Lado, 
Donde minha esperança se pendura; 

Em ti de piedade, e de brandura 
Doce penhor do penitente errado, 
Em ti Christo Jᴇsᴜs dependurado 
A salvação do mundo dependura; 

Em ti se consumou toda crueza, 
Que em corações humanos se accendia 
Contra todas as leis da natureza. 

Mas em si se tornou, em alegria 
Da nossa redernpção, toda a tristeza; 
Oh Cruz defensão nossa, nossa guia.

Fonte

  • Cruz, Frei Agostinho da. Obras de Frei Agostinho da Cruz: Conforme a edição impressa de 1771 e os códices manuscritos das bibliotecas de Coimbra, Porto e Évora. Com prefácio e notas de Mendes dos Remédios. Coimbra: França Amado, 1918. 466 p. Subsídios para o estudo da História da Literatura Portuguesa XXI.