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Soneto I
A quem ler.
Os versos, que cantei importunado Da mocidade cega a quem seguia, Queimei (como vergonha me pedia) Chorando, por haver tão mal cantado. Se nestes não ficar tão desculpado Quanto o mais alto estilo requeria, Não me podem negar a melhoria Da mudança, que fiz d’hum n’outro estado. Que vai que sejam bem, ou mal aceitos? Pois os não escrevi para louvores Humanos, pelo menos perigosos, Senão para plantar em frios peitos Desejos de colher divinas flores A’ força de suspiros saudosos.
Fonte
- Cruz, Frei Agostinho da. Obras de Frei Agostinho da Cruz: Conforme a edição impressa de 1771 e os códices manuscritos das bibliotecas de Coimbra, Porto e Évora. Com prefácio e notas de Mendes dos Remédios. Coimbra: França Amado, 1918. 466 p. Subsídios para o estudo da História da Literatura Portuguesa XXI.