Colégio Pedro II, por Moreira de Azevedo
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Compadecido do abandono em que viviam os meninos órfãos, o Dr. Ignácio Manoel da Costa Mascarenhas, vigário colado da freguesia da Candelária, pediu licença ao bispo para dar princípio a um asilo, onde fossem recolhidos esses infelizes; por provisão de 16 de dezembro de 1734 mandou o diocesano ouvir a câmara sobre a pretensão do pároco, e em 16 de abril de 1735 informou à câmara que aquele vigário, com esmolas adquiridas, desejava dar princípio ao referido recolhimento perto da Igreja de Santa Rita.
Assim refere Balthazar da Silva Lisboa a origem do Seminário de São Pedro, depois de São Joaquim destinado para os meninos órfãos, aos quais dava-se a educação conveniente para terem ingresso no estado eclesiástico [1].
Protegendo esta instituição, determinou o bispo Dom Frei Antônio de Guadalupe dar-lhe existência legal na seguinte provisão:
“A experiência que temos de que nesta cidade e seus contornos se perdem muitos moços, que ficando órfãos de pai em tenra idade não têm quem os instrua nos bons costumes e nas artes em que podem aproveitar-se, e viver cristã e religiosamente naqueles empregos eclesiásticos ou seculares para que tiverem gênio e préstimo, nos tem movido a procurar remédio para este dano, não só por meio de um seminário, a que temos dado princípio, na forma do Concílio Tridentino, mas também por meio da instituição de um colégio, em que sejam recebidos e criados meninos órfãos de pais pobres, e desamparados de criação, os quais no dito colégio sejam instruídos na doutrina cristã, ler, escrever e na língua latina, música e instrumentos, como também nas funções eclesiásticas de que podem ser capazes. Portanto, em nome daquele Senhor, que foi servido dar-nos esta vontade, instituímos nesta cidade do Rio de Janeiro um colégio para criação dos meninos órfãos, nas costas da Igreja de São Pedro, nos chãos que se compraram ao padre Manoel Marques Esteves, com porta para a mesma igreja, por detrás da capela-mor, juntamente com as casas que no lado da mesma capela estão fabricadas, e enquanto possa ser necessário para complemento da morada do mesmo colégio; os quais assistirão ao coro da mesma igreja, rezando com os capelães dela. E terão um sacerdote que nós, ou os nossos sucessores, escolherem e deputarem de boa vida e costumes, o qual terá cuidado de criar os ditos meninos, ensinando-lhes a doutrina cristã, e o santo temor de Deus, e os que não souberem, ler, escrever e contar, e depois disso os mandará ensinar a língua latina, a rezar o oficio divino e cerimônias da igreja, como também música, a tocar instrumentos pertencentes a ela, segundo vir a capacidade de cada um. E em tudo se conformarão com o que se observa no colégio de meninos órfãos da cidade do Porto, exceto na sujeição do dito colégio, que fica pertencendo ao Ordinário, com cuja licença serão recebidos os meninos de pouca idade, e cristãos velhos, e que sejam brancos de geração, e de nenhuma sorte mulatos; porque como se há de criar para o estado eclesiástico, tendo para isso préstimo e vocação, devem ser de idade em que possam ser instruídos nos rudimentos da vida eclesiástica, e juntamente de sangue para que dela não sejam excluídos. E para constar desta nossa instituição mandamos passar a presente por nós assinada e selada com o selo das nossas armas, nesta cidade do Rio de Janeiro, aos 8 de junho de 1739. Eu José da Fonseca Lopes, escrivão da câmara eclesiástica, subscrevi. – Antônio. – Bispo do Rio de Janeiro.”
Vê-se por essa provisão que o Seminário foi instituído nas costas da Igreja de São Pedro, por trás da capela-mor, no lugar em que mais tarde construíram-se as catacumbas da irmandade, e que os meninos órfãos pobres que fossem mulatos não seriam admitidos; mas não deve causar muito reparo tal declaração, pois naqueles tempos obscuros havia ideias absurdas e errôneas sobre o que se chamava limpeza de sangue.
Em 29 de outubro publicaram-se os estatutos do Seminário, que lembravam a severa disciplina dos claustros, e quase os mesmos exercícios; falando da recepção do hábito diziam:
“A forma do hábito será de pano branco com uma cruz vermelha no peito, e quando o reitor lh’o lançar a primeira vez o benzerá na capela, em comunidade, mas com a porta fechada e sem assistência alguma de gente de fora. Aqui lhe dará por sobrenome a vocação de algum santo que o menino escolher por sua devoção, porém de tal sorte que não se equivoquem uns com os outros; e no fim do ato lhe cantará a comunidade o hino Veni Creator Spiritus com o seu verso e orações.”
Foi nomeado reitor o padre Sebastião da Mota Leite, e ficou o estabelecimento isento da jurisdição paroquial.
Aumentando-se o número de alunos conhecidos pelo nome de órfãos de São Pedro, e sendo pequena a casa para contê-los, comprou o reitor ao capitão Antônio Vidal de Castilho o prédio ao lado direito da igreja, construído em terreno da câmara municipal, e sujeito a uma capela de missas instituída por D. Bernarda de Castello-Branco; comprada a casa para Seminário a câmara perdoou os foros.
Falecendo Sebastião da Motta Leite, legou em testamento uma chácara sita na Gamboa em proveito do Seminário e alunos, com a condição que nunca seria vendida nem obrigada a coisa alguma; porém não respeitou-se a vontade desse benfeitor, pois, corridos alguns anos, vendeu-se essa propriedade.
Por provisão do mês de dezembro de 1741 foi nomeado reitor o cônego Manoel Freire, do qual já fizemos menção descrevendo a Igreja de São Pedro; nesse tempo obteve o Seminário um valioso legado de Ignácio da Silva Medella que em testamento legou aos órfãos de São Pedro o rendimento da quarta parte de nove prédios.
Falecendo Manoel Freire teve a reitoria, pela provisão de 2 de outubro de 1750, o padre Luiz de Carvalho.
Aumentando-se a população, e o comércio, havendo mais agitação e ruído na cidade, e também crescido número de alunos no Seminário, reconheceu-se que não só a casa achava-se mal colocada no centro da povoação, senão que era pequena para os colegiais; mas um homem benfazejo, Manoel de Campos Dias, atendendo aos inconvenientes que sofriam os órfãos de São Pedro, doou-lhes a Capela de São Joaquim ereta com faculdade do ordinário em provisão de 14 de janeiro de 1758 e começada a construir em 8 de agosto do mesmo ano.
Naqueles tempos rudes e atrasados não se esperava que o governo fizesse tudo, como acontece hoje; tomavam os homens bons a iniciativa quando se tratava de erguer uma igreja, fundar um asilo, levantar um hospital; não havia a ambição e egoísmo atuais; e pensando muito os homens em outra vida, procuravam resgatar seus pecados com as boas ações praticadas no mundo.
Feita a doação da igreja resolveu-se edificar junto dela uma casa para seminário dos órfãos; de feito comprou-se o terreno, deu-se princípio a obra, de cuja direção encarregou-se o reitor padre Jacinto Pereira da Costa, que, quando deixou o cargo, estava em grande aumento o edifício.
Em outubro de 1766 veio ocupar a reitoria o padre Antônio Lopes Xavier, natural do Rio de Janeiro, que concluiu a parte mais essencial do Seminário, para onde transferiram-se os alunos nos primeiros dias do mês de dezembro de 1766.
Desde o dia em que os órfãos deixaram o prédio da Rua de São Pedro e vieram para o edifício junto da Igreja de São Joaquim, tomaram por patrono este santo, e começaram a ser conhecidos por seminaristas de São Joaquim.
Ainda existe, na Rua de São Pedro, junto à igreja, a antiga casa do Seminário dos órfãos; tem no primeiro pavimento uma porta, duas janelinhas de peitoril no segundo e duas no terceiro; entre as janelinhas do segundo andar há um nicho, onde conservou-se mais de vinte anos a imagem do orago do Seminário; é um edifício acaçapado, de remota construção, e que lembra o princípio do primeiro asilo da infância desvalida nesta cidade.
Falecendo o cônego Antônio Lopes Xavier em 26 de janeiro de 1783, foi seu sucessor na reitoria o padre Alexandre Ferreira da Rocha que pediu licença ao bispo para vender a casa da Rua de São Pedro, onde fora o antigo Seminário, declarando em sua petição que esse prédio, além de ser sobrecarregado com uma capela de missas, não era de utilidade aos órfãos porque nem por dez patacas por mês queriam alugá-lo, permitiu o diocesano a venda à irmandade de São Pedro, por escritura de 26 de setembro de 1771, obtendo-se por ele 400$000 mais além do que custara. [2]
A portaria de 26 de abril de 1779 designou para reitor o padre Manoel Henrique Mairynch, natural do Rio de Janeiro, doutor em cânones pela Universidade de Coimbra, e cônego da real capela; foi hábil e zeloso administrador e ocupou a reitoria até falecer em 24 de outubro de 1805, tendo jazigo na Igreja de São Pedro.
Veio substituí-lo o padre Plácido Mendes Carneiro, homem virtuoso e tão casto que jamais seus próprios amigos ouviram-no pronunciar uma palavra desonesta; rejeitou a nomeação de bispo; construiu os quartos da frontaria do Seminário e em seu reitorado concluíram-se as torres da igreja.
Usavam os seminaristas de túnica, barrete e murça de baetilha branca com uma cruz vermelha de São Pedro ao peito, e um cinto de cadarço preto; no interior do Seminário a túnica era de linho.
Por causa da cor de suas vestes eram apelidados carneiros, e os garotos quando encontravam-nos nas ruas puxavam-lhes pelas vestes imitando o balido das ovelhas, do que resultavam várias vezes contendas sérias: Para mais decência e economia requereram os seminaristas a mudança da cor do hábito, e informado favoravelmente o requerimento pelo reitor, permitiu o bispo em 17 de agosto de 1811 que usassem os seminaristas de hábito, barrete e meias pretas e de cinto e murça roxos, e no interior da casa de gabinardo preto.
Reformou o reitor Plácido Carneiro o artigo dos estatutos relativo à entrada dos alunos, estabelecendo a entrada solene com assistência das pessoas que quisessem honrar o ato; o aluno recebia o hábito no templo, acompanhado de seus parentes e amigos: findas certas orações, revestido da túnica deitava-se no pavimento da igreja, e sobre ele espargiam flores os convidados, seguindo-se um Te-Deum; quando, porém, os pais e tutores dos alunos dispensavam estas cerimônias, entrava o seminarista simples e ocultamente; já se vê também que quando era pobre não podia ter Te-Deum.
Os alunos rezavam no coro os ofícios divinos como é uso nas casas regulares, a princípio todos os dias, depois só às quintas-feiras e domingos; todas as noites entoavam o terço de Nossa Senhora, e assim que o terminavam iam em comunidade para o refeitório.
Não era muito agradável e nem muito farta a comida; no jantar havia quase sempre uma carne ensopada a que chamavam Serra-bode, e quando aparecia carne assada, dizia o vice-reitor padre Francisco de Medeiros.
– Temos hoje carne esbofeteada.
Constava a ceia ou de arroz com camarão chamado ponto e vírgula, ou de canjica denominada lágrimas de Caim. Durante o refeitório um dos alunos lia do púlpito a vida do santo do dia.
Os seminaristas acompanhavam às procissões de Corpus Christi e de São Sebastião; os enterros solenes dos irmãos de São Pedro e outros para os quais eram convidados, recebendo cada um uma esmola e uma vela de cera.
Havia três classes de alunos internos; os ricos chamados pensionistas que pagavam 60$000 anuais; os menos ricos chamados meio-pensionistas que pagavam metade dessa quantia, e os pobres ou gratuitos; havia também externos que pagavam ao professor que os ensinava, e eram conhecidos no Seminário por casacas.
Os alunos pobres estavam sujeitos a certos serviços; tocavam sino, varriam a igreja, serviam de porteiro, e tiravam esmolas pelas ruas, indo dois ou três, dos quais um levava o Gazophilacio [3] e repetia às portas das casas.
– Esmola para os meninos órfãos do Seminário de São Joaquim.
O reitor Plácido Carneiro acabou com esse uso inconveniente e impróprio de uma casa de educação.
Dois faziam semana no coro de São Pedro, dois no da Candelária, e dois no da Misericórdia; e se em alguma igreja havia falta de acólito lá ia o seminarista pobre.
Em 1772 o abade beneditino frei Manoel do Nascimento Pinhão pediu ao Seminário para servirem nas funções da igreja e altar quatro alunos pobres, que foram residir no mosteiro em celas especiais.
Coube ao seminarista Antônio Dias da Costa, que faleceu há poucos anos, fazer semana na portaria e ao romper d’alva foi ele com bastante medo à igreja para acender as velas; porém agitado, trêmulo de susto, deixou cair o caniço que apagou-se; vendo-se nas trevas aumentou-se-lhe o medo, começou a tatear na escuridão, e fatigado, alucinado teve uma vertigem. Vendo o reitor que a igreja não se abria, mandou procurar o seminarista que servia de porteiro, e encontraram-no tímido, frio, e abatido; desde então deliberou-se que ficassem dois seminaristas na portaria.
Sujeito à direção do bispo tinha o Seminário um reitor e vice-reitor nomeados pelo prelado, um mestre de gramática latina, um de cantochão e um de música; se o seminarista queria aprender filosofia ou outra qualquer matéria pedia licença ao reitor para ir estudá-la no Seminário de São José.
Primavam no cantochão; por isso eram quase sempre convidados para cantarem nas grandes festividades. E teve esse seminário grandes mestres de cantochão, entre outros o padre Ignácio que enlouqueceu, e vivia em um cubículo escuro, úmido e com tantos ratos que tiravam-lhe a comida, o que levava o infeliz doido a repetir:
– Senhores, deixem-me ao menos algum alimento.
Faleceu esse desgraçado no hospital da Misericórdia no princípio deste século.
Quando o príncipe regente D. João veio para o Brasil, e quis celebrar com a pompa régia, que sabia dar as festividades religiosas, as cerimônias da Semana Santa, mandou buscar alguns seminaristas de São Joaquim peritos em cantochão para servirem no coro da capela real.
Os alunos eram destinados à vida eclesiástica; e referiu-nos Antônio Dias da Costa que, tendo se matriculado o aluno Luiz da Silva dotado de grande talento, terminados os estudos, e sem vocação para a vida da igreja, recusou ordenar-se, pelo que irritado o pai levou-o para a roça, deitou-lhe ferros aos pés e mandou-o trabalhar com os escravos; o desgraçado enlouqueceu, vítima do fanático e estúpido autor de seus dias!
Faziam-se na igreja do Seminário as festas de São Joaquim, São José e da Senhora das Dores; a primeira precedida de novenas, nas quais recitavam práticas os alunos habilitados, e no dia da festa ocupava o púlpito algum orador notável.
O Seminário admitia 26 alunos pobres, mas em virtude de três legados de 1:200$000 cada um, feitos por Domingos de Souza Guimarães com o encargo de criarem-se mais três lugares para meninos pobres e órfãos, determinou o bispo D. José Joaquim Justiniano Castello Branco que fosse o número elevado a 29.
Recebia o reitor o ordenado anual de 200$000, o vice-reitor de 100$000, o mestre de gramática latina de 100$000; o mestre de cantochão de 32$000, e o cirurgião, barbeiro e boticário o de 25$000 cada um; era o reitor quem designava os que deviam ser mestres, que recebiam o provimento do bispo; e também era ele quem informava os requerimentos dos meninos, que desejavam frequentar o Seminário, tendo assim toda autoridade temporal e espiritual na casa.
Veio substituir ao padre Plácido na cadeira de reitor o abade de Alverca, José dos Santos Salgueiro, nomeado pelo príncipe regente.
Conta-se que ressentido o bispo D. José Caetano por ter o príncipe feito a nomeação do reitor, que até então fora da alçada do diocesano, determinou não prestar mais ao Seminário o cuidado e desvelo de que dera tantas provas.
Além de ignorante não interessou-se o abade de Alverca pelo estabelecimento, que foi decaindo e perdendo a ordem, e a disciplina; se o reitor era descuidado e inepto, o bispo não atendia mais ao progresso dessa casa de educação, que de dia para dia foi caindo no descrédito público pelo desleixo do reitor e pelo abandono do prelado.
Estavam as coisas neste estado quando chegou de Portugal, em outubro de 1817 uma divisão de tropa, e sendo insuficientes os quartéis para acomodá-la, lembrou-se o governo do edifício do Seminário, que sabia-se estar decadente; por decreto de 5 de janeiro de 1818 extinguiu o estabelecimento; removeu para o Seminário de São José alguns alunos que mostravam mais aptidão para a vida eclesiástica; outros foram admitidos no corpo de artífices engenheiros que acompanhara a divisão militar, como aprendizes de diferentes ofícios mecânicos; o edifício e suas dependências foram considerados bens da coroa; seu patrimônio passou a pertencer ao de São José para sustento de dez meninos órfãos e pobres que pelo menos deveriam ser ali admitidos, e a Igreja de São Joaquim destinada para capela dos batalhões e corpos que compunham a divisão, servindo de cabeça para uma confraria que se deveria formar de seus respectivos chefes.
O ex-reitor o abade de Alverca continuou a receber o ordenado de 200$000 como empregado de repartição extinta, e o professor de gramática latina 100$000 ficando considerado como substituto da cadeira dessa disciplina do Seminário de São José.
Suprimiu o governo violentamente essa casa de educação que era mantida pela caridade pública, tendo patrimônio próprio, instituído em beneficio de meninos órfãos e pobres; em vez de vinte e nove lugares apenas reservou dez para os meninos pobres; apossou-se de propriedades que não eram suas, que haviam sido legadas em beneficio da pobreza e da orfandade, e transformou em quartel uma casa de estudo e de educação.
Tinha o Seminário nove prédios, dois na Rua Direita, dois na Rua de São Pedro, um na da Ajuda, dois na das Violas, um na do Sabão e um na da Alfândega, além do legado de Ignácio Medella que rendia-lhe 500$000 anuais pouco mais ou menos; desses prédios seis eram de sobrado; e apesar de ter esse patrimônio que permitia-lhe viver por si, sem onerar a nação, acabou o governo com este instituto de ensino em uma cidade que necessitava tanto de estabelecimentos de instrução. Estava o Seminário mal organizado, havia desleixo e erros em sua administração, não produzia resultados satisfatórios, porém convinha reformá-lo e não destruí-lo; e se não havia quartel para a tropa jamais devia o governo ter expelido os meninos órfãos de sua casa para abrigar soldados. E não foi esse o único edifício invadido e desviado de seu fim primordial e útil; em 1818 os lázaros foram despedidos de seu hospital que recebeu o batalhão n. 3, e a Capela de São Cristóvão destinada para jazigo dos soldados desse batalhão, ficou considerada como filial da Igreja de São Joaquim, onde instituiu-se uma confraria de militares, aprovada por decreto de 28 de maio de 1818.
Corridos pouco mais de três anos reparou o príncipe D. Pedro a injustiça praticada com os pobres órfãos, promulgando o decreto de 19 de maio de 1821 que anulou o de 5 de janeiro de 1818.
Diz aquele decreto:
“Tendo-me sido presentes as súplicas de vários moradores desta cidade, que conduzidos por sentimentos de caridade e puro zelo em benefício dos órfãos, instam pelo restabelecimento do Seminário de São Joaquim, por não se poderem cabalmente preencher, pelas disposições do decreto de 5 de janeiro de 1818 os louváveis fins que tiveram em vista seus pios instituidores e outros benfeitores que o dotaram com legados e esmolas; e não podendo deixar de merecerem a minha real e especial consideração reclamações tão justas e mui conformes aos desejos que tenho de promover e auxiliar, quanto for possível, a educação da mocidade, principalmente da classe daqueles que, privados pela sua orfandade do abrigo e cuidado paterno, ou por indigência, lhes faltam os meios de adquirirem a instrução precisa para que, chegados à maioridade, possam ser úteis a si, à Igreja e ao Estado, cuja prosperidade em grande parte depende da moral, costumes e instrução pública e particular de cada um dos seus membros, sou servido ordenar o seguinte:
1.º Que se restabeleça aquele Seminário na forma em que ele estava antes do mencionado decreto de 5 de janeiro de 1818, desanexando-se dos próprios da coroa, em que foi incorporado o edifício com suas dependências; do Seminário de São José, as rendas que para ali passarão; e dos batalhões e corpos da divisão das tropas de Portugal a igreja, e revertendo tudo para o mesmo Seminário;
2.º Que o seu edifício seja entregue a Joaquim Antônio Insua, José Severino Gesteira e mais benfeitores, para que na qualidade de síndicos, formem entre si uma junta, que ficará encarregada da administração econômica e de quaisquer arranjos exteriores do Seminário, devendo publicar no fim de cada ano as suas contas:
3.º Que o cônego da Real Capela, Plácido Mendes Carneiro, a quem hei por bem nomear para reitor, pelas provas que tem dado da sua inteligência, prudência e virtudes que exige este importante emprego, ficando dispensado das obrigações do coro da Real Capela e conservando os seus vencimentos como se presente fosse, vá quanto antes morar dentro da casa do mesmo Seminário e me proponha, na forma dos estatutos, as pessoas que julgar mais capazes para ocuparem os lugares de vice-reitor, mestres de gramática latina e cantochão. O Conde dos Arcos, etc. Paço, em 19 de Maio de 1821. – Com a rubrica do Príncipe Regente – Conde dos Arcos.”
Restituído o patrimônio ao Seminário concedeu-lhe o governo a quarta parte de uma loteria destinada para a Misericórdia; o decreto de 23 de julho do mesmo ano suprimiu a confraria dos militares instituída na Igreja de São Joaquim, e a portaria de 6 de novembro de 1824 concedeu ao Seminário o título de imperial por solicitação do reitor, frei Pedro Nolasco da Sacra Família.
Restabelecera D. Pedro o Seminário como fora criado; sem dar-lhe mais desenvolvimento, melhor organização e novo programa de estudo, conforme o progresso e necessidades da época, de que resultou permanecer o estabelecimento em uma esfera acanhada, e viver em estado muito pouco próspero.
Em 1831 constava essa casa de educação de uma cadeira de latim, outra de francês, outra de lógica, e achava-se aí estabelecida a cadeira pública de primeiras letras, da freguesia de Santa Rita [4].
Em 12 de dezembro desse ano reformou-se o estabelecimento, criaram-se uma cadeira de primeiras letras, uma de matemáticas, uma de desenho, e as oficinas de litógrafo, torneiro, abridor e entalhador, e deviam os seminaristas estudar o jogo das armas, o manejo e exercício da guarda nacional.
Estava o país em época de anarquia, havia comoções, perturbações políticas, lutas civis, e por isso queria o governo fazer de cada cidadão um soldado.
Mudou-se a natureza da instituição; já não era um Seminário, um colégio clerical, era um liceu de ofícios, uma casa para artesãos; deu-se aplicação diversa ao patrimônio instituído pelos benfeitores, aplicando-o, não em preparar padres, porém homens de ofícios mecânicos.
Os alunos deviam usar de jaqueta de duraque azul e boné da mesma cor com tope nacional; ficou a instituição sob a direção da câmara municipal; e encarregado de sua administração o vereador Felipe Ribeiro da Cunha empregou tanto zelo que fez aumentar o patrimônio do liceu, e executou no edifício obras importantes. Mas se a parte material prosperava a moral decaía, por não se haver dado uma organização apropriada ao destino do liceu; tendo sido esquecidas muitas matérias e artes necessárias à educação artística.
O decreto de 2 de dezembro de 1837 deu uma reforma mais racional e conveniente ao Seminário de São Joaquim, transformando-o em colégio de instrução secundária denominado: Colégio de Pedro II.
Diz o decreto:
“O Regente interino, em nome do Imperador o Senhor D. Pedro II, decreta:
Art. 1.º O Seminário de São Joaquim é convertido em colégio de instrução secundária.
Art. 2.º Este colégio é denominado Colégio de Pedro II.
Art. 3.º Neste colégio serão ensinadas as línguas latina, grega, francesa e inglesa, retórica e os princípios elementares de geografia, história, filosofia, zoologia, mineralogia, botânica, química, física, aritmética, álgebra, geometria e astronomia.
Art. 4.º Para o regímen e instrução neste colégio haverão os seguintes empregados:
Um reitor, um síndico ou vice-reitor, um tesoureiro, e os serventes necessários.
Os professores, substitutos e inspetores dos alunos, que forem precisos para o ensino das matérias do art. 3.º direção e vigia dos mesmos alunos.
No número dos professores é compreendido o de religião que será também o capelão do colégio. Um médico e cirurgião de partido.
Art. 5.º Poderão ser chamados para terem exercício neste colégio os professores públicos desta corte, de latim, grego, francês, inglês, filosofia racional e moral e retórica.
Art. 6.º Parte dos vencimentos dos professores será fixa, e parte proporcionada ao número dos alunos.
Os professores públicos do artigo 5.º gozarão também do benefício dos vencimentos variáveis pagos pelo colégio.
Art. 7.º Serão admitidos alunos internos e externos.
Art. 8.º Os alunos internos pagarão a quantia que for anualmente fixada, para as despesas só próprias dos que morarem no colégio.
Art. 9.º Será pago pelos alunos tanto internos, como externos, o honorário que a título de ensino, for fixado pelo governo.
Art. 10.º Este honorário terá a aplicação marcada nos estatutos.
Nenhum honorário é devido pelo ensino dos professores do artigo 5.º
Art. 11.º O governo poderá admitir gratuitamente até onze alunos internos e dezoito externos.
Art. 12.º O número de professores, substitutos, inspetores e serventes do colégio, seus direitos e obrigações, bem como as do reitor, vice-reitor ou síndico e tesoureiro, a admissão de alunos internos e externos, seus exercícios, ordem de estudos, sua correspondência externa, prêmios, castigos, feriados, férias, e outras disposições relativas à administração, disciplina e ensino são marcados nos estatutos que com este baixam assinados por Bernardo Pereira de Vasconcellos, ministro e secretário de estado dos negócios da justiça, encarregado interinamente dos do império.
Art. 13.º Ficam revogados os estatutos de 12 de dezembro de 1831 e mais disposições ou ordens em contrário.
Palácio do Rio de Janeiro, em 2 de dezembro de 1837, 16º da independência e do império. – Pedro de Araújo Lima. – Bernardo Pereira de Vasconcellos.
Mandou Vasconcellos, cuja biografia acompanha este capítulo, fazer grandes obras no edifício do antigo Seminário; transformou os cubículos estreitos e escuros em salas claras, espaçosas e arejadas, e apesar de sofrer de paralisia, de estar incumbido de duas pastas e de ser o membro mais proeminente do ministério, e por isso mais atarefado com muitos negócios, aparecia constantemente no colégio para apressar as obras e dar providências necessárias. Em 31 de janeiro de 1838 publicou os estatutos do colégio, nos quais especificou em 239 artigos as funções do reitor, vice-reitor, dos professores e inspetores, o plano de estudo, o regímen econômico, as condições para o bacharelado, e outras coisas necessárias à criação de um colégio de instrução secundária, Dividiu o curso de estudos em oito anos, no fim dos quais recebia o aluno a carta de bacharel em letras, e em 5 de fevereiro nomeou para reitor a frei Antônio de Arrábida, bispo de Anemúria.
Criado em dia de gala, no aniversário natalício de D. Pedro II, inaugurou-se o estabelecimento em outro dia de festa nacional, em 25 de março, aniversário do juramento da constituição; nesse dia, em 1838, compareceram o Imperador, ainda menor e as princesas suas irmãs, e achando-se presentes o regente Pedro de Araújo Lima, depois visconde e marquês de Olinda, e todo o ministério, recitou Bernardo Pereira de Vasconcellos um discurso, e finda a leitura entregou ao reitor o regulamento; terminada a cerimônia ficou o edifício do colégio exposto ao público.
Em 4 de abril mandou o Imperador entregar por seu mordomo 2:000$000 do seu bolsinho para os gastos do colégio, e desde então tornou-se o primeiro e mais dedicado protetor desse instituto de educação, que nascia sob a proteção de seu nome. Contando já com este auxílio dissera Vasconcellos ao entregar ao reitor o regulamento do liceu:
“Anima, sobretudo a certeza da poderosa proteção do Príncipe, cujo nome honra esta instituição, e cuja generosidade para com ela, gosto e aplicação afiançam que o culto das letras e das ciências será um dos principais títulos de glória do seu reinado.”
Em 27 de abril começaram a entrar os alunos internos, e em 2 de maio, abriram-se as aulas. Instituído o colégio, a sociedade fundadora do Teatro da Praia de D. Manoel, depois São Januário, fez– lhe o donativo de 2:000$000 e de seis bilhetes de cada uma das duas loterias anuais concedidas por espaço de quatro anos por decreto de 29 de novembro de 1837, bem como do produto líquido de dois benefícios em cada um dos quatro anos da concessão; e a empresa do Teatro Fluminense, hoje de São Pedro de Alcântara, também ofereceu uma parte do produto líquido de cada uma das duas loterias anuais concedidas por seis anos por decreto de 30 de novembro do mesmo ano, e mais seis bilhetes de cada uma delas, comprometendo-se a manter uma cadeira de música e outra de declamação.
Vê-se que foi por influência e a pedido do ministro Vasconcellos que essas empresas fizeram semelhantes donativos ao colégio.
Como toda a instituição que começa, experimentou o Colégio de Pedro II embaraços, irregularidades e faltas em seus primeiros anos de exercício.
Estando o Seminário de São Joaquim mal organizado, julgou o governo do rei mais fácil destruir do que reformar o estabelecimento: também pouco fizera o príncipe regente D. Pedro restabelecendo o Seminário no mesmo espírito de disciplina religiosa e de cultura literária com que tinham-no fundado; o ministro José Lino Coutinho, que lavrou o decreto de 12 de dezembro de 1831, afastou o Seminário dos fins de sua criação, transformou essa casa de educação religiosa em um estabelecimento mecânico; Vasconcellos, porém, em sua reforma respeitou a ideia dos fundadores do Seminário, dando-lhe mais desenvolvimento na parte literária, o que não só era necessário pelo progresso das ciências, como também para satisfazer às exigências de uma vasta capital, pois seria uma anomalia reformar essa casa de educação em 1837 conservando-a no mesmo grau científico com que fora criada. Compreendendo o fim da instituição do Seminário deu-lhe Bernardo de Vasconcellos em sua reforma grande importância, favoreceu a sorte dos órfãos, proporcionou-lhes instrução para seguirem outra carreira além da eclesiástica, transformou o mesquinho e acanhado estabelecimento do bispo em um colégio modelo, vasto e de condições literárias muito mais amplas, honrou os alunos com o título de bacharel, e aproveitou do modo mais útil e mais sábio o velho Seminário.
Os alunos deviam trazer casaca verde com botões amarelos e chapéu alto de pelo.
Em 25 de junho de 1839 exonerado a seu pedido do cargo de reitor o bispo de Anemúria, foi nomeado no dia seguinte para substituí-lo o Dr. Joaquim Caetano da Silva que lecionava no colégio gramática portuguesa, retórica e por fim grego.
O decreto de 1 de fevereiro de 1841 reduziu a sete anos o curso de estudos, e o decreto de 7 de novembro de 1842 revogou a disposição do artigo dos estatutos que mandava que houvesse banquete no dia da distribuição dos prêmios.
Havia em cada ano três prêmios e três menções honrosas; o aluno que obtinha o primeiro prêmio recebia uma coroa de louro e um livro de encadernação rica; o que obtinha o segundo recebia só o livro, e o que tinha o terceiro um livro menor, ou de encadernação mais simples; consistiam as menções honrosas em beijar a mão das pessoas imperiais [5]; porém o regulamento de 1855 suprimiu as menções, e ordenou que se proclamassem os nomes dos alunos aprovados com distinção que são os únicos que podem ser premiados, e o regulamento de 1857 aboliu a coroa de louro.
Terminada a distribuição dos prêmios os reitores apresentam ao ministro do império os bacharelandos, que prestam sobre o Evangelho o seguinte juramento:
“Juro manter a religião do Estado, obedecer e defender a S. M. o Imperador o Sr. D. Pedro II e as instituições pátrias, concorrer quanto me for possível para a prosperidade do Império e satisfazer com lealdade as obrigações que me forem incumbidas.”
Conservando-se o candidato de joelhos o ministro do império o proclama bacharel em letras, e pondo-lhe na cabeça um barrete de cetim branco diz-lhe:
“A lei vos declara bacharel em letras, cujo grau espero honreis tanto quanto o haveis sabido merecer.”
Durante a cerimônia da distribuição dos prêmios e colação do grau uma orquestra, colocada no salão, toca variações de música, e termina o ato com o discurso do professor de retórica. Recebe o bacharel uma carta que isenta-o de exames preparatórios nas academias do império, a qual era assinada pelo ministro e pelo reitor, porém desde 1858 começou a ser assinada pelo inspetor da instrução primária e secundária do município da corte e pelo reitor.
Tendo sido dispensado o Dr. Joaquim Caetano da Silva do cargo de reitor em 28 de novembro de 1851, foi nomeado encarregado dos negócios do Brasil na Holanda; no fim de alguns anos voltou para a pátria onde exerceu os cargos de inspetor geral da instrução primária e secundária do município da corte e de diretor do arquivo público; e em 27 de fevereiro de 1873 pereceu em Niterói, legando ao país uma obra monumental L’Oyapoc et L’Amazone que perpetuou seu nome entre os dos sábios.
No mesmo dia 28 de novembro de 1851 foi nomeado reitor do colégio o capitão de mar e guerra reformado José de Souza Corrêa, que em julho de 1855 pediu demissão, e faleceu em 21 de abril de 1871. Assumiu o cargo de reitor interino o professor de latim Jorge Furtado de Mendonça, até 10 de setembro em que entrou de exercício o Dr. Manoel Pacheco da Silva, nomeado reitor em 28 de julho de 1855.
O decreto de 17 de fevereiro de 1855 aprovara novos estatutos para o colégio e estabelecera novo plano de estudos.
Admitia o colégio alunos externos e internos na mesma casa, porém por decreto de 24 de outubro de 1857 foi dividido em um Externato e um Internato estabelecido em uma chácara no Engenho Velho; deu-se novo plano de estudos, criou-se uma cadeira especial de história e corografia do Brasil, e foi escolhido para reitor do Internato o Dr. Joaquim Marcos de Almeida Rego. Em fevereiro de 1858 entrou o Internato em exercício.
O decreto de 22 de julho de 1859 criou a cadeira de doutrina cristã e história sagrada; o aviso de 10 de agosto de 1860 mandou recolher ao tesouro nacional as apólices do Colégio provenientes da venda de seus prédios, e fazer aí todos os pagamentos e arrecadação de dinheiro relativos a esse estabelecimento, suprimindo o decreto de 17 de novembro do mesmo ano o cargo de tesoureiro.
O decreto de 1 de fevereiro de 1862 alterou o regulamento relativo ao curso de estudos; o de 1 de fevereiro de 1868 elevou a 30 o número dos pensionistas gratuitos; novo plano de ensino determinou o decreto de 1 de fevereiro de 1870, estabeleceu exames finais de certas matérias e de suficiência de outras, suprimiu a aula de italiano, o ensino da dança, e deu muito desenvolvimento prático e literário ao estudo das línguas.
Escolhido para aio dos príncipes, filhos da princesa D. Leopoldina, o Dr. Manoel Pacheco da Silva deixou o cargo de reitor, que principiou a ser exercido em 27 de agosto de 1872, pelo cônego José Joaquim da Fonseca Lima, atual reitor.
Em março de 1866 pedira demissão de reitor do Internato o Dr. Joaquim Marcos de Almeida Rego, sendo substituído pelo monge beneditino frei José de Santa Maria Amaral. Em 1874 foi designado para reitor interino o monsenhor Felix Maria de Freitas Albuquerque, e em 1875 foi nomeado reitor interino o Dr. Cesar Augusto Marques que é o atual.
Em fevereiro de 1875 matriculou-se no primeiro ano de estudos do Externato o príncipe D. Pedro, filho do Duque de Saxe e da princesa D. Leopoldina, e o decreto de 1 de março de 1876 alterou os regulamentos determinando que o curso de estudos consistiria das seguintes matérias:
Religião e história sagrada, português, latim, francês, inglês, geografia e cosmografia, história universal, matemáticas elementares, filosofia, retórica, poética e literatura nacional, grego, alemão, corografia e história do Brasil, física e química; história natural.
Estabeleceu o mesmo plano de estudos no Internato e no Externato; criou, porém, professores privativos para cada estabelecimento, ficando cada um com dezesseis professores; suprimiu a classe de repetidores do Internato, bem como a dos explicadores do Externato, e em seu lugar instituiu em cada estabelecimento uma classe de substitutos, dividindo para esse fim as matérias do ensino em sete seções, cada uma das quais com duas subseções; marcou 1:200$000 para vencimentos anuais dos substitutos, que terão mais o que houver de perder o professor nos dias que faltar.
Determinou o decreto de 1 de março de 1876 que o aluno aprovado em todas as matérias, menos uma, poderá, com despacho do reitor, fazer novo exame dessa no princípio do ano seguinte; terá igual permissão o aluno que for reprovado em duas matérias, tendo sido aprovado com distinção nas outras do mesmo ano; que o aluno reprovado três vezes consecutivas na mesma matéria não poderá continuar no colégio; que perderá o seu lugar o aluno gratuito que for reprovado duas vezes no mesmo ano do curso de estudos; que não poderá continuar o aluno contribuinte ou gratuito que por duas vezes consecutivas deixar de prestar exame do mesmo ano; e que as aulas, que abriam-se em 3 de fevereiro e encerravam-se em 31 de outubro, se abrissem em 1 de março e se encerrassem em 15 de novembro.
O Colégio de Pedro II admite alunos externos, meio-pensionistas e pensionistas; as duas primeiras classes no edifício do Externato e os pensionistas no Internato; todo aluno quer de uma quer de outra classe paga a matrícula anual de 12$000, exceto os gratuitos; o aluno externo paga 24$000, o meio pensionista 40$000 por trimestre, e o interno da primeira classe 105$000 e os da segunda 80$000 por trimestre, encarregando-se a família de fornecer, lavar e engomar a roupa.
Além do reitor, tem cada estabelecimento um vice-reitor, sendo o atual do Externato o padre mestre João Pires de Amorim e o do Internato o Dr. João José Moreira; há mais um secretário, um escrivão, diversos inspetores de alunos e criados.
O governo admite no Internato trinta alunos gratuitos; e no Externato quinze meio-pensionistas não havendo número fixo para os externos gratuitos.
Em 1876 foi o Internato frequentado por 162 alunos, e o Externato por 239.
Desde 1843 a 1876 tem recebido o grau de bacharel em letras 428 alunos, dos quais um em 1873 não quis prestar o juramento por se dizer republicano, e por isso não recebeu o grau.
Tem o imperial Colégio de Pedro II experimentado consecutivas reformas, algumas feitas precipitadamente e sem critério; e se ainda não está em circunstâncias de satisfazer a todas as necessidades do ensino, se ainda há lacunas e faltas em seus regulamentos, todavia pode dizer-se que é o primeiro instituto de instrução secundária que possui o país; e quer por termos a carta de bacharel adquirida nesse colégio, quer por pertencermos, aliás imerecidamente, ao corpo docente, julgamos que não nos compete avançar outras ideias em seu abono.
Estando desde longa data por acabar o edifício do Externato mandou o ministro do império Dr. João Alfredo Corrêa de Oliveira Andrade que se concluísse o edifício e se reformasse a parte já feita, dando-lhe outro aspecto e elegância; dessa tarefa encarregou o arquiteto Francisco Joaquim Betencourt da Silva que concebendo um plano geral de reedificação executou-o com muita ciência e gosto. [6]
Acha-se o edifício do Externato na Rua Larga de São Joaquim, e estende-se até às da Imperatriz e da Prainha; olha a face principal para a Rua de São Joaquim apresentando no primeiro pavimento, revestido de cantaria, cinco janelas de peitoril que vieram substituir os óculos e o portão que aí havia, e no segundo outras tantas janelas de sacadas com balaústres de mármore; um ático coroa esta assim como as outras faces reconstruídas.
O cunhal do edifício quer na Rua da Imperatriz quer na da Prainha formava um ângulo agudo de muito mau efeito, que o arquiteto Betencourt fez desaparecer arredondando-o; dando mais latitude ao da Rua da Imperatriz levantou aí um pórtico de cantaria com duas pilastras no primeiro pavimento, e duas no segundo, e na parte superior acrotérios com estátuas de mármore; abriu no primeiro pavimento três portas, vendo-se sobre a do centro um escudo de bronze com a legenda Pedro II, e os emblemas do fumo e café, e no segundo três janelas com sacadas isoladas de balaústres de mármore, estando a central entre duas colunas. A face voltada para a Rua da Imperatriz, que constava de alguns óculos no primeiro pavimento e duas janelas de peitoril no segundo, apresenta atualmente nove mezaninos guarnecidos de cantaria no primeiro e nove janelas rasgadas no segundo.
Na Rua da Prainha a parte reconstruída consta de dez mezaninos e uma porta no primeiro pavimento e onze janelas rasgadas no segundo; e o resto desta face, que está como na primitiva, conta quatorze janelas de peitoril no segundo pavimento, sete mezaninos arredondados, três janelas de peitoril e uma porta no primeiro.
A portaria do colégio, ainda não reformada, mostra o pórtico no primeiro pavimento e duas janelas de sacadas de grades de ferro no segundo.
Nas partes reformadas o arquiteto levantou o madeiramento mais de um metro; substituiu os óculos de cantaria por mezaninos quadrangulares, dando luz e ar às salas, sem podê-las devassar os transeuntes das ruas circunvizinhas, e substituiu as antigas janelinhas por janelas de 3,19m de altura sobre 1,43m de largura.
Era este edifício de aspecto triste, e acaçapado, indicando pelas janelinhas, pelos óculos fechados com varões de ferro seu destino primitivo de colégio de padres; mas atualmente com as alterações feitas pelo hábil artista, apresenta-se grandioso, e quando concluído será um dos melhores monumentos do Rio de Janeiro, e digno de servir de sede a primeira universidade que se criar no Brasil.
Penetrando no interior vemos no primeiro pavimento a portaria com o pavimento ladrilhado de mármore, a sala do porteiro, seis salas de aulas, a capela, o refeitório, a sala do vice-reitor, a dos professores, quartos de criados, casa de banhos, cozinha, despensa e as latrinas, as dos alunos em um elegante chalé no centro de um pátio ajardinado, as dos inspetores e professores em lugar separado.
Há no centro do edifício um pátio sombreado por grandes amendoeiras, e onde estão armados os aparelhos de ginástica; teve outrora no centro um poço que o reitor José de Souza Corrêa mandou tapar; é cercado na face da frente e ao lado direito por uma varanda ladrilhada de mosaico de mármore e com gradaria de ferro entre arcos de alvenaria.
Em uma das salas do fundo do pátio, há trinta anos, um aluno disparou n’aula um tiro de pistola sobre um seu condiscípulo que o esbofeteara; se outro estudante não lhe tivesse impelido o braço no momento da arma disparar, ter-se-ia dado um assassínio. O governo expulsou do colégio ambos os alunos, o que deu o tiro e o que deu a bofetada.
Na portaria há uma escada cujo primeiro lance é de pedra e o segundo de madeira, a qual conduz ao segundo pavimento, onde veem-se a biblioteca que conta 4,000 volumes, a secretaria onde há um retrato de D. Pedro II feito em 1837, o salão de exames, três salas de aulas, a sala do retrato com o retrato de D. Pedro II, os aposentos do reitor e os do vice-reitor, e o salão do bacharelado que mede 37m de extensão sobre 10,65m de largura e 7,4m de altura, dimensões que mostram que é muito extenso em relação à largura. Cingindo-se a essas dimensões antigas deu o arquiteto Betencourt da Silva tal forma ao teto e ao soalho que disfarçou convenientemente os defeitos de construção. Tem o salão na entrada três portas, no fundo a tribuna da música, à direita dez janelas para a Rua da Prainha e à esquerda outros tantos vãos correspondentes, sendo seis de janelas que dão para um pátio, uma entaipada pela parte angulosa do edifício, e três portas que comunicam com a biblioteca e o corredor que vai ter ao vestíbulo; o soalho forma um lindo mosaico de preciosas madeiras do país constituindo florões e festões de cores vivas e variadas, e delicados arabescos; é esse soalho um lindo e rico espécimen da opulenta flora brasileira, sentindo-se que nossa indústria não esteja ainda assaz adiantada para serem aproveitadas em móveis, e objetos de arte e luxo essas madeiras de cores variegadas, de forte consistência e desenhos admiráveis.
Revestidas de estuque-lustre formam as paredes apainelados coroados de grinaldas de rosas e louros e com filetes dourados; nas vinte e três sobreportas estão gravados entre lindos enfeites de escultura os nomes de Euler – simbolizando as matemáticas, Demóstenes – a retórica, Horácio – a poética, Lucena – a literatura portuguesa – Basílio da Gama – a literatura brasileira, Xenofonte – a língua grega, César – a latina, Bossuet – a francesa, Goethe – a alemã, Milton – a inglesa, Rossini – a música, Raphael – o desenho, Clias – a ginástica, Anchieta – a doutrina cristã, Calmet – a história sagrada, Thucydides – a antiga, Gibbon – a média, Guisot – a moderna, Gandavo – a do Brasil, Platão – a filosofia, Cuvier – as ciências naturais, Kepler – a cosmografia, e Strabão – a geografia; matérias estas que constituem o curso do bacharelado em letras.
Nos ângulos da entrada levantam-se duas cariátides colossais em mísula, simbolizando a cidade do Rio de Janeiro, cingem coroas douradas, e com os braços sustentam a cimalha onde erguem-se escudos das armas imperiais, e as setas de São Sebastião, antigas armas da cidade; entre as duas portas da frente ostenta-se o trono imperial com dragões bragantinos dourados e cortinas de veludo verde. Consta a tribuna da música de uma varanda reta com balaustrada corrida sobre um embasamento ornamentado e sustentado por quatro cariátides, sendo as duas dos extremos de corpo inteiro apoiando capitéis, e as do centro simbolizando gênios a distribuírem coroas e palmas; na parte superior há um frontão em alto relevo com as armas imperiais e emblemas da música perfeitamente executados. Enchem o teto cinco painéis constituindo cada um um retângulo de lindos lavores formando belos ovais, em cujos ângulos veem-se caprichosos enfeites de folhas de carvalho e louro, flores representadas por folhas de acanto e rosas, e nos ângulos do painel central baixos relevos simbolizando as artes, as letras e as ciências físicas e as matemáticas; oito molduras ricamente douradas guarnecem na sanca geral os bustos em relevo de Shakespeare, Camões, Virgílio, Tasso, Galileu, Dante, Homero e Sócrates.
Modilhões e cariátides, lindos ornamentos de folhas de louro, carvalho e rosas, e outros enfeites de primoroso gosto e poesia tornam esse teto uma tela de linda perspectiva, digno de figurar em um palácio de rei e uma obra prima que recomenda o nome do artista que a concebeu e executou. Toda a ornamentação do salão é do estilo de Luiz XV modificado pelo gosto moderno.
O visitante que penetra nesse recinto e abaixa os olhos para o soalho ou eleva-os ao teto, examina as paredes ou contempla os ornatos fica deslumbrado; as maravilhas da arte como que absorvem-lhe a vista e o pensamento; encarando os bustos dos homens notáveis que ali estão, as cariátides, as flores, as coroas, os modilhões e outros objetos julga-se arrebatado para esses palácios encantados que a imaginação dos poetas criam e os grandes artistas realizam; há aí a grandeza da concepção, a atmosfera das artes, a inspiração do gênio, que fazem desse recinto não um salão, porém um templo de glória para o artista que ideou e executou essa obra.
Em um dos lados corre uma arquibancada com balaústres dourados destinada aos professores, e ergue-se uma tribuna para o orador.
Inaugurou-se esse rico salão em 27 de fevereiro de 1875.
A capela e outras dependências do Externato estão estabelecidas em um dos corredores e no antigo consistório da Igreja de São Joaquim, que por ter sido sempre considerada pertencente ao colégio deve ser aqui descrita.
Levanta-se este templo entre o edifício do Colégio e a Rua de São Joaquim, tendo a frontaria voltada para a parte mais larga dessa rua; mostra o pórtico de granito, com frontão curvo, três janelas no coro com vidraças, o entablamento sobre o qual ergue-se um segundo corpo com um óculo e o frontão reto; as torres, separadas do corpo central por duas pilastras, são altas, elegantes e têm os coruchéus de forma piramidal. É de estilo barroco e manifesta a cor triste e sombria com que os anos santificam as igrejas.
No interior não há altares, nem imagens, nem círios, nem lâmpadas, nem ornatos; há muito que se não ouvem aí cânticos sagrados, não se percebe a voz do sacerdote e nem se sente o perfume do incenso. Começou a profanação deste recinto em 1818 quando vieram os soldados substituir os seminaristas; alguns anos depois regressaram os alunos, mas a igreja foi-se arruinando, o culto diminuiu e por fim tiraram-se os santos, os paramentos, e ficou o templo despido, abandonado, entregue ao pó, às aranhas e aos ratos. Em seus cinco altares viam-se do lado da epístola a Senhora das Dores e S. Bom Homem, do lado oposto São José e a Senhora da Conceição e no principal o orago.
Que festas esplêndidas se não dedicaram a essas imagens, que hinos maviosos não lhes consagraram os seminaristas; quantos devotos não vieram ajoelhar-se perante elas, inflamados pelo ardor da fé e carregados de ofertas; quantos seminaristas não ajoelharam-se aí pedindo ao céu inteligência para vencerem os estudos, e vocação para abraçarem a vida casta e santa do sacerdócio!
Teve essa igreja seus dias de esplendor e glória; aí entoavam os seminaristas hinos de festa e alegria e também orações tristes e fúnebres pelos seus condiscípulos, que sepultavam-se na capela-mor, mas com o tempo desapareceram as imagens, apagaram-se os círios e fecharam-se as portas do templo. Pensou-se em demoli-lo para dar passagem à locomotiva da estrada de ferro D. Pedro II, que deveria chegar até ao mar, na Prainha; mas não realizou-se esse projeto. Estando o templo abandonado requereu a sociedade propagadora das belas-artes a sacristia e um dos corredores a fim de transportar para aí as aulas do liceu de artes e ofícios; de feito em 1 de fevereiro de 1859 inaugurou-se aí o liceu que depois chegou a ocupar quase toda a igreja.
Deu-se ao menos um fim útil, instrutivo e humanitário a esse velho edifício; a casa que já não servia para a oração, passou a servir para a instrução; se alunos já não vinham orar nesse recinto, vinham aí aprender e a casa arrebatada ao culto religioso ficou para ensino do povo e cultivo das artes e ciências.
Vê-se por trás da igreja um sobrado com cinco janelas de peitoril no segundo pavimento e cinco portas no primeiro. Era aí a antiga portaria do Seminário, serviu depois de habitação dos reitores do Colégio, foi ocupado pelo Instituto Comercial e passou a pertencer ao liceu de artes e ofícios que breve deve deixá-lo, assim como a igreja, pois em 1876 concedeu o governo outro edifício para as aulas do liceu.
A igreja foi entregue por ordem do governo ao reitor do Externato o cônego Fonseca Lima que tenciona reconstruí-la e reviver a irmandade de São Joaquim que outrora existiu; porém apareceu na imprensa a ideia de demolir-se esse antigo edifício para dar a Rua de São Joaquim a mesma largura em toda sua extensão, o que na verdade era um melhoramento para a cidade; mas projetando-se fundar uma universidade no edifício do Externato poderá esta igreja servir de capela ao estabelecimento universitário, e assim se conservará um templo erguido pela caridade pública, devendo-se antes demolir outras igrejas de péssima construção, que há muito deveriam ter desaparecido para beleza e importância da capital do Império; acresce que em vez de demolirem-se a igreja e os prédios contíguos para dar regularidade à Rua de São Joaquim seria mais conveniente empregar capitais para alargar outras ruas que percorram maior extensão da cidade.
Acha-se o Internato do Colégio de Pedro II na chácara n. 1 da Rua de São Francisco Xavier; tem na frente um muro e um gradil de ferro, que fecha um jardim com cascata, esguio e plantado com elegância; no fundo do qual ergue-se o edifício assobradado com dois pavimentos, tendo no primeiro três portas e quatro janelas de peitoril e no segundo sete janelas com uma grade de ferro de uma só peça.
Estão no primeiro pavimento a capela, onde guarda-se a antiga imagem de São Joaquim, que pertenceu à igreja, a sala da reitoria, a dos professores, a biblioteca, a prisão dos alunos, a rouparia, sete salas de aulas, o refeitório, casa de banhos, latrina, despensa e cozinha, e vê-se no centro um pátio ajardinado e circundado de uma varanda com ladrilho de mármore, a qual abre comunicação para as aulas e outras dependências da casa.
Há no segundo pavimento três dormitórios, a enfermaria dos alunos, e os aposentos do vice-reitor, quanto ao reitor reside em uma casa construída ao lado esquerdo do edifício, a qual tem um só pavimento com uma porta e três janelas de peitoril.
A grande chácara que circunda o edifício serve para os exercícios ginásticos e recreio dos alunos, que anualmente festejam com muita devoção e pompa a imagem do antigo orago do estabelecimento.
Possui o Externato um vasto edifício que o atual reitor cônego Fonseca Lima, mandou reconstruir; introduziu água em todo o estabelecimento, preparou um novo refeitório; substituiu o lajedo dos corredores por ladrilho de mármore, fez um salão de estudo, melhorou os laboratórios de física, química e mineralogia, aumentou os aparelhos de ginástica, abriu um jardim na parte posterior do edifício, que tornou mais saudável e clara essa parte da casa; construiu novas latrinas e colocou nas salas bancos-carteiras; assim acha-se o Externato convenientemente preparado. Mas não acontece o mesmo ao Internato, cuja casa construída para moradia particular não tem cômodos suficientes para os alunos, as salas de aula são acanhadas, os dormitórios pequenos, os laboratórios insignificantes, as latrinas péssimas e contam-se outros defeitos que o atual reitor Dr. Cesar Augusto Marques tem se esforçado por destruir, mas há lutado com muitos embaraços, inerentes ao edifício, e que inutilizam sua boa vontade.
Tem o governo despendido grandes somas com reparos, aumentos e aluguel dessa casa que não tem proporções necessárias, nem condições para um bom estabelecimento; não seria, pois, mais judicioso e útil ter levantado um prédio vasto para os alunos que aí vivem e aprendem? Se o Externato tem um bom edifício, não deve também o Internato, com maior razão, estar em condições de oferecer aos alunos todos os cômodos e confortos, para que assim esses estabelecimentos prosperem ambos, e constituam dignamente o colégio que se honra com o nome do Imperador do Brasil! Haja um bom Externato, haja um bom Internato e o imperial colégio de Pedro II progredirá e será considerado como o primeiro estabelecimento de instrução secundária do país.
Notas
- ↑ Veja Anais do Rio de Janeiro do Dr. Balthazar da Silva Lisboa, vol. 5 pág. 111.
- ↑ Veja Revista do Instituto Histórico volume 19 página; 528.
-
↑ No século II se inventou uma arca chamada Gazophilacio, colocada na saída dos templos, em que se lançavam as esmolas de dinheiro que os cristãos ofereciam.
Fonte: Dissertações sobre os dizimos ecclesiasticos e oblações pias, por Manuel de Almeida e Sousa de Lobão. (N. do E.) - ↑ Vide o “Diário do Governo” de 24 de outubro de 1834.
- ↑ O aviso de 27 de abril de 1872 aboliu o beija-mão.
- ↑ Veja no fim deste capítulo a biografia deste artista.
Fonte
- Azevedo, Manuel Duarte Moreira de. O Rio de Janeiro: Sua História, Monumentos, Homens Notáveis, Usos e Curiosidades. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1877. 2 v. (É a segunda edição do “Pequeno Panorama” 1861-67, 5 v.).
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