José de Souza Azevedo Pizarro e Araújo, por Moreira de Azevedo
Filho do Coronel Luiz Manoel de Azevedo Carneiro da Cunha e de Dona Maria Josepha de Souza Pizarro, nasceu esse brasileiro no Rio de Janeiro em 12 de outubro de 1753.
Concluídos os primeiros estudos foi para Coimbra, onde recebeu o grau de bacharel formado em cânones em 1776, e nomeado cônego da Sé do Rio de Janeiro em 20 de outubro de 1780, em 25 de março do ano seguinte tomou posse.
Desejando ser útil ao Estado, à pátria e seus compatriotas, como diz, esforçou-se por colher documentos e notícias interessantes à história do país; e depois de um trabalho indizível, em consultar manuscritos antigos publicou a sua excelente, obra intitulada Memórias Históricas do Rio Janeiro e das províncias anexas à Jurisdição do vice-rei do Estado do Brasil, na qual se há falta de ordem, há muitas notícias curiosas, muito cabedal histórico.
Em 1794 e 1799 visitou diversas igrejas e comarcas do recôncavo do bispado recolhendo documentos e informações sobre as coisas pátrias; em 19 de abril de 1801 dirigiu-se à Portugal onde foi promovido a cônego da igreja patriarcal, e em recompensa dos serviços de seu pai teve o hábito de Cristo em que professou; regressou para a pátria na nau Príncipe Real, que conduziu ao Brasil o príncipe D. João, e nesse mesmo ano foi nomeado monsenhor presbítero com o título de tesoureiro mor, depois com o de arcipreste; obteve o título de conselho e o hábito da ordem da Torre e Espada. Em 5 de março de 1821 foi escolhido para deputado da mesa da consciência e ordens; na primeira legislatura obteve assento como suplente do bispo D. José Caetano que fora nomeado senador, e por algum tempo ocupou a cadeira da presidência; em 12 de outubro de 1828 foi aposentado no supremo tribunal de justiça, tendo já a comenda da ordem de Cristo. Pertencera à antiga academia científica do Rio de Janeiro, que fora dissolvida pelo Conde de Rezende.
Tendo comido uma carambola depois do jantar, passeava nas ruas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro em 14 de maio de 1830 quando sobreveio-lhe um ataque de que faleceu, sepultando-se nas catacumbas da igreja de São Pedro.
Dele diz o cônego Januário da Cunha Barbosa o seguinte:
“Foi um eclesiástico respeitável, um juiz íntegro, um escritor severo, que tirou do esquecimento e da desordem dos nossos arquivos suas Memórias Históricas, em que vive o seu nome para glória dos Brasileiros.”
Fonte
- Azevedo, Manuel Duarte Moreira de. O Rio de Janeiro: Sua História, Monumentos, Homens Notáveis, Usos e Curiosidades. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1877. 2 v. (É a segunda edição do “Pequeno Panorama” 1861-67, 5 v.).