Hermann Burmeister, por Augusto Meyer
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Nota Biobibliográfica
Hermann Burmeister nasceu em Stralsund, a 15 de janeiro de 1807, e faleceu a 2 de maio de 1892 em Buenos Aires.
Em 1833 publicava sua primeira obra, “Grundriss der Naturgeschichte”, e quatro anos depois era convidado para a cadeira de Zoologia da Universidade de Halle, onde também exerceu durante algum tempo as funções de assistente de Geologia. Em 1843 publica a sua “Geschichte der Schöpfung” e, logo após, já então firmado o seu prestígio de naturalista e professor, irá representar aquela Universidade na Assembleia Nacional.
A 12 de setembro de 1850 chega Hermann Burmeister ao Rio de Janeiro e, depois de breve demora na Corte, em preparativos de viagem, segue para Minas Gerais, atraído principalmente pela fama da Lagoa Santa, onde passou cinco meses em companhia de Lund, de 2 de junho de 1851 até fins do mesmo ano.
Embarcou para a Europa em princípios de 1852, e no ano seguinte, já publicava a obra que ora aparece pela primeira vez em versão portuguesa, decorrido quase um século, graças à iniciativa do editor José de Barros Martins. O título da edição original é: “Reise nach Brasilien, durch die Provinzen von Rio de Janeiro und Minas Geraes, mit besonderer Rücksicht auf die Naturgeschichte der Gold und Diamantendistrickte”, Berlin, Georg Reimer, 1853, VIII mais 608 p. e mapa.
A essa obra, convém acrescentar ainda, além do Atlas, contendo onze estampas, publicado no mesmo ano, os três volumes lançados em 1854-1856, sob o título: “Systhematische Uebersicht der Thiere Brasiliens” e o lindo in-fol. de 1856, com trinta e duas admiráveis estampas a cores, “Erläuterungen zur Fauna Brasiliens”, traduzido incorretamente na “Biblioteca Exótico-brasileira” como “Ilustrações à fauna do Brasil”.
Embora seja de grande relevância, em seu conjunto ainda mal conhecido, essa contribuição do naturalista prussiano para o estudo da Zoologia do Brasil, ficou seu nome sobretudo vinculado ao patrimônio científico do Prata. De fato, a obra capital de Hermann Burmeister, fruto de quatro anos de viagem na República Argentina, são os dois volumes publicados em 1861 com o título “Reise durch die La-Plata Staaten”, que lhe valeram a nomeação para diretor do Museu De Buenos Aires em 1862, e o apoio oficial permitiu que se tornasse ele o grande organizador daquele Museu e o principal animador dos estudos de Paleontologia e Entomologia na Argentina, onde viveu trinta anos.
Deixou assim, além de quatro volumes e um atlas da “Description de Ia Republique Argentine”, talvez sua obra mais conhecida, acima de duzentos trabalhos, cuja indicação consta a páginas 325-357 do tomo quarto dos “Anales del Museo Nacional”, publicação fundada e dirigida por ele, e na qual os três primeiros tomos devem ser contados quase integralmente entre as suas produções originais. Seu trabalho “Die fossilen Pferde der Pampasformation” (1875) ainda hoje é citado como valiosa contribuição para o estudo da Paleontologia americana.
Não será apenas científico o interesse que apresenta este volume da “Biblioteca Histórica Brasileira”, programado há tantos anos. Das páginas iniciais já ressalta um Burmeister ainda tocado daquela fina sensibilidade e da ingênua alegria de ver e descobrir que até hoje dão vida às páginas amarelecidas dos grandes viajantes do período romântico.
Augusto Meyer