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Os Holandeses em Pernambuco; Segunda Invasão e Ocupação. Guerrilhas

VISTA da cidade de Recife tomada do Forte do Brum. [S.l.: s.n.], [18--]. Acervo digital da Biblioteca Nacional.
VISTA da cidade de Recife tomada do Forte do Brum. [S.l.: s.n.], [18--]. Acervo digital da Biblioteca Nacional.

De 1625 a 1627 tentou o almirante Pieter Heyn apoderar-se da pequena cidade da Vitória, na capitania de Espírito-Santo, foi, porém, repelido por forças do Rio de Janeiro sob o comando de Salvador Corrêa de Sá, limitando-se à pilhagem no porto e recôncavo da Bahia, afrontando a artilharia dos fortes e apresando algumas embarcações.

Em Setembro de 1628, Heyn capturou a famosa esquadra da prata, que produziu cerca de 14 milhões de florins, ou seja, o dobro do capital inicial da Companhia das Índias Ocidentais, compensando assim o prejuízo que trouxe à Holanda a restauração da Bahia.

Graças a isto, pôde armar e equipar durante o ano de 1629 uma segunda expedição, mais forte que a primeira, e acometer em 1630 a capitania de Pernambuco.

Compunha-se essa armada, sob o comando do almirante Pieter Adriaanszoon, de mais de 60 navios, de 200 a 500 toneladas, montados de 1.100 canhões e guarnecida com perto de 8.000 homens, de tropas de terra e mar, chefiados pelos generais Hendrik Corneliszoon Lonck, e Diederik van Waerdenburch.

Vinha provida de todo o necessário à fundação de um novo domínio político e social holandês no Brasil: materiais para fortificações de guerra e para construção de prédios, estabelecimentos de fábricas, provisões de manufatura; pessoal para funções públicas, artífices operários, agentes de comércio, e especuladores de toda a ordem.

Tinham, pois, a certeza de conquistar Pernambuco.

Avisada pela infanta Isabel, filha de Felipe II, governante da Holanda, dos preparativos e planos das Províncias Unidas, limitou-se a corte de Madri a fornecer ao capitão-mor de Pernambuco, Mathias de Albuquerque, então na Espanha, o ridículo auxílio de 3 caravelas e 27 soldados.

O sargento-mor Pedro Corrêa da Gama, encetou em Pernambuco algumas obras de defesa, construindo trincheiras em redor de Olinda, uma paliçada de paus a pique no Recife, alguns redutos e o forte, que não ficou pronto, chamado de Diogo Paes, que os Holandeses depois concluíram, dando-lhe o nome de Bruyn, de que, por corruptela, ficou sendo denominado do Brum; levantou ainda uma trincheira à margem direita do Rio Tapado.

Em 14 de Fevereiro de 1630 surgiu em Olinda a esquadra invasora, desembarcando no Pau Amarelo as tropas de Waerdenburch.

A cidade de Olinda capitulou, não obstante desesperada resistência.

Em seguida tomaram Recife, que encontraram deserto, tendo a população partido para o interior.

Mathias de Albuquerque mandara pôr fogo aos trapiches para obstar que as partidas de açúcar, no valor de quatro milhões de cruzados, caíssem em poder dos atacantes.

Como sucedera na Bahia, a reação consistiu no sistema de emboscadas e guerrilhas.

O capitão-mor Mathias de Albuquerque fez cavar trincheiras e dirigiu as obras do arraial fortificado do Bom-Jesus que, situado a meio caminho entre Olinda e Recife, foi o toque de rebate do nativismo brasileiro, representado nos três tipos de raças coloniais – branca, negra e vermelha.

O arraial do Bom-Jesus hostilizou os Holandeses com suas refregas e assaltos memoráveis contra as fortalezas de Recife.

Mathias de Albuquerque tirou grande partido desse sistema de guerrilhas, baseado na audácia e na astúcia, aliadas ao perfeito conhecimento das vantagens estratégicas da topografia do novo campo de batalha. Armou companhias de emboscadas, em que se celebrizou o mameluco Domingos Fernandes Calabar, natural de Porto Calvo, (Alagoas).

De 1630 a 1632, não lograram os Holandeses sair de estreita faixa litorânea do Recife, onde se viram acantonados, pois tiveram de abandonar Olinda.

Verificou-se, entretanto, a deserção de Calabar, (20 de Abril de 1632), que é o fato principal do primeiro período de lutas; e, sem isso, os Flamengos não se teriam assenhoreado por quase um quartel de século da terra pernambucana.

Como perfeito conhecedor dos mais escusos meandros do teatro da luta, fez-se assim Calabar para os de Holanda uma conquista mais preciosa que a da própria Olinda e do Recife; por isso buscaram atraí-lo, deram-lhe honras e dinheiro e um lugar de destaque nas sessões do seu Conselho. Nada mais praticaram em operações de guerra sem previamente ouvi-lo.

Guiados pelo mameluco que lhes garantiu, além da pérfida estratégia, a aliança de poderosos caciques, entraram os invasores, que desconheciam por completo a região, a apoderar-se de Itamaracá, do Rio Grande do Norte e de Paraíba e até mesmo a forçarem o general Mathias de Albuquerque a evacuar o arraial do Bom Jesus e a retirar-se para Alagoas; onde já se achava Bagnolo (Bagnoli pronunciado no dialeto napolitano – Bagnolo, segundo Rodolfo Garcia).

Calabar, que se encontrava em Porto Calvo, fazendo parte da coluna de Alexandre Picard, caiu enfim prisioneiro do exército retirante, e pagou na forca seu crime, (19 de Julho) que hoje alguns historiógrafos procuram atenuar.

Com a retirada de Mathias de Albuquerque, consolidou-se a ocupação holandesa de parte de Pernambuco e regiões limítrofes.

Prosseguiram, porém, as guerrilhas por parte dos Independentes, denominação que tomaram as forças reunidas por Mathias de Albuquerque.

A 3 de Julho de 1635, haviam se retirado de Sirinhaém, escoltando um bando de perto de oito mil pessoas entre homens, muitas famílias abastadas com seus escravos, gado, animais domésticos, mulheres e crianças.

À vanguarda marcharam através das florestas os índios de Camarão, por batedores, sendo a retaguarda guardada por cerca de 80, e os flancos pelos guerrilheiros também de Mathias de Albuquerque.

Em Novembro desse ano, aportou a Alagoas uma esquadra espanhola com perto de dois mil soldados sob o comando de Dom Luís de Rojas y Borja, nomeado para substituto de Albuquerque no comando das tropas.

Partiu este para o reino onde foi recolhido preso ao castelo de São Jorge em Lisboa, e só em 1640, readquiriu a liberdade, por ocasião da Restauração de Portugal.

Dom Luís de Rojas y Borja retomou a ofensiva, mas caiu morto na primeira batalha de Mata Redonda, de 18 de Janeiro de 1636, travada contra Artichofski.

Foi substituído por Bagnolo, que resolveu tornar ao sistema das guerrilhas, no qual se distinguiram por atos de bravura Manuel Dias Andrade, Sebastião Souto, Dom Antônio Felipe Camarão, Francisco Rebello, o Rebellinho, o negro Henrique Dias e Estevam de Távora.

Em Janeiro de 1637, chegou finalmente a Pernambuco o novo governador do Brasil-Holandês príncipe João Mauricio de Nassau, que trouxe consigo a missão científica e artística, da qual faziam parte Piso, Marcgrav, os dois Post, Pieter e Franz que estudaram a natureza e os costumes da região invadida pelos Holandeses, construíram edifícios e pintaram aspectos pernambucanos, além das decorações de casas e estabelecimentos.

Quadro Sinótico
Retrato de van Piet Hein, Crispijn van de Passe, 1624, via
Retrato de van Piet Hein, Crispijn van de Passe, 1624, via Rijksmuseum

Em 1628, o almirante Pieterszoon Heyn, após haver tentado em vão apoderar-se da cidade da Vitória (Espírito Santo), capturou a famosa esquadra da prata, o que produziu 14 milhões de florins.

Com esse produto foi armada e equipada a segunda expedição holandesa contra Pernambuco (1630), de mais de 60 navios, 1.100 bocas de fogo e cerca de oito mil homens, trazendo por almirante Pieter Adriaanszoon, general Corneliszoon Lonck e governador militar van Waerdenburch, provida de todo o necessário, operários, materiais para a construção da nova colônia que pretendiam fundar no Brasil.

Waerdenburch desembarcou com suas tropas no Pau Amarelo.

Olinda e Recife capitularam dentro em pouco. Mathias de Albuquerque mandou pôr fogo aos trapiches para evitar que as partidas de açúcar, no valor de quatro milhões de cruzados, caíssem em poder do inimigo.

A reação, como ocorrera na Bahia, consistiu no sistema de guerrilhas.

Mathias de Albuquerque construiu entre Olinda e Recife o arraial fortificado do Bom Jesus para onde se retirou com os habitantes da região invadida.

De 1630 a 1632, não lograram os Holandeses sair da estreita faixa litorânea do Recife onde se viram abandonados, pois tiveram de evacuar Olinda.

A deserção do mameluco Calabar, natural de Porto Calvo, (20 de Abril de 1632) e que alguns historiógrafos procuram atenuar, veio mudar a fase da luta. Guiados pelo traidor, os Holandeses conseguiram apoderar-se de Itamaracá, Rio Grande do Norte, Paraíba, e forçaram mesmo Albuquerque a abandonar o arraial de Bom Jesus e a retirar-se para Alagoas, onde já se achava Bagnolo.

A 19 de Julho, Calabar caiu, porém, prisioneiro, e foi enforcado.

Finalmente, em Novembro de 1635, aportou a Alagoas a esquadra espanhola de Dom Rojas y Borja com dois mil homens; e Mathias de Albuquerque por aquele substituído, teve ordem de embarcar para a Europa, onde foi recolhido preso ao castelo de São Jorge, em Lisboa. Sua prisão durou até a Restauração de Portugal em 1640. Rojas y Borja, que caiu morto na batalha de Mata Redonda (18 de Janeiro de 1636) contra Artichofski, teve por substituto ao Conde de Bagnolo.

Em 1637, chegou o príncipe Maurício de Nassau, mandado para governar o Brasil Holandês até 1644.

Nota

  • Ponto 8º – Lição 24ª

Fonte

Imagem destacada

  • VISTA da cidade de Recife tomada do Forte do Brum. [S.l.: s.n.], [18–]. Acervo digital da Biblioteca Nacional.

Mapa - Forte de São João Batista do Brum em Recife, Pernambuco